A lição que a França dá ao mundo

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Como barrar a ascensão da extrema-direita

Portugal derrotou a extrema-direita que em eleições recentes também foi derrotada na Espanha. O Partido Trabalhista, na Inglaterra, impôs na semana passada uma derrota humilhante ao Partido Conservador. A festa da extrema-direita de Marine Le Pen só durou uma semana, período que separa o primeiro do segundo turno das eleições gerais na França. Vive la démocratie!

A extrema-direita é incompatível com o Estado de Direito. Ela se vale de um dos valores mais caros à democracia, a alternância no poder, para chegar ao poder e destruir a democracia por dentro, instalando no seu lugar um regime autoritário. Tem sido assim em várias partes do mundo. Poderá ser assim nos Estados Unidos caso Donald Trump vença as eleições de novembro próximo.

Por um sopro, não foi assim no Brasil. Esse era o plano de Bolsonaro quando se elegeu presidente em 2018. Candidato à reeleição em 2022, pressentindo que poderia ser derrotado, tramou um golpe que fracassou por falta de adesão dos militares e da sociedade civil. Refugiou-se nos Estados Unidos para não transferir a faixa presidencial a Lula. Seu destino é a prisão.

Os Jogos Olímpicos de 1936 serviram como pano de fundo para celebrar a ascensão dos nazistas na Alemanha. Àquela época, Hitler chegou ao poder por meio do voto popular, dando cabo mais tarde à democracia e declarando guerra ao mundo. Nos livramos de assistir aos Jogos Olímpicos de Paris, este ano, transformados num palco universal para a sagração da extrema-direita na França.

Pareceu um salto para o abismo quando o presidente francês Emmanuel Macron, na noite das eleições para o parlamento europeu, derrotado pelo partido de Le Pen, antecipou as eleições legislativas no seu país. Dissolveu a Assembleia Nacional, o equivalente ao nosso Congresso. O primeiro turno foi ganho pela extrema-direita. O partido de Macron ficou em terceiro lugar.

A virada no jogo foi construída em menos de sete dias. A esquerda uniu-se formando uma frente ampla. Juntou-se a ela a direita de Macron. Deu no que agora se viu: a esquerda conseguiu o maior número de assentos no parlamento francês, seguido pelas forças da direita aglutinadas por Macron. Le Pen vai continuar catando coquinho. Ainda não foi desta vez, e tomara que não seja nunca.

Aqui, a direita, engolida pelo bolsonarismo em 2018, segue a reboque do falso messias com o propósito de retornar ao poder em 2026. Reformula seu discurso para não mais ser vista como um puxadinho da extrema-direita, mas puxadinho é o que ela é sob novo disfarce. Exalta Bolsonaro, como o fez no Fórum de Curitiba, enquanto procura um Bolsonaro de cara menos emporcalhada.

A lição francesa está aí para quem quiser aprender com ela.

*Blog do Noblat

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