Governar é padecer no paraíso ou no inferno
Quando o dólar sobe, a culpa é de Lula, acima de tudo. De suas declarações raivosas contra a política de juros altos do Banco Central e o seu presidente, Roberto Campos Neto.
Quando o dólar cai, o mérito não é de Lula. Fatores externos derrubaram o dólar. Como se fizesse um favor, menciona-se e ao mesmo tempo duvida-se que Lula vá cortar despesas.
Lula autorizou um corte de despesas de R$ 25,9 bilhões em programas do governo para fechar as contas públicas de 2025, e manteve a meta fiscal deste ano, que é de déficit zero.
O dólar sobe e cai porque há em uma ponta e na outra os que lucram com a dança dos números. Às vezes ganham, às vezes perdem. É do jogo aqui e em todo lugar do mundo.
Não é de hoje que Lula reclama dos juros altos. No seu primeiro governo, dada à política econômica herdada do anterior, quem reclamava por Lula era José de Alencar, o vice.
Lula dava corda em Alencar, empresário mineiro, embora apoiasse a política econômica conduzida pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para contrariedade do PT.
Por outros motivos, Palocci seria demitido antes do final do primeiro mandato de Lula. Alencar continuou como vice no segundo mandato de Lula até a data da sua morte.
O compromisso de Lula com o equilíbrio das contas públicas vem daquela época – ou de antes. Ele diz ter aprendido com sua mãe que não se deve gastar além do que se tem.
Deixou as contas relativamente em ordem para Dilma. E ao longo dos dois governos de Dilma, alertou-a com frequência para que respeitasse a Lei de Responsabilidade Fiscal.
O que ele disse ontem nada tem de novo, mas foi saudado como se novo fosse:
“Neste governo, a gente aplica o dinheiro que é necessário, gasta o que for necessário, mas não joga dinheiro fora. Responsabilidade fiscal não é uma palavra, é um compromisso desde 2003 e a gente manterá ele à risca”.
Quantas vezes já não se escreveu que Lula estaria sabotando a boa administração da economia pelo ministro Fernando Haddad, da Fazenda? Quando foi de fato que ele a sabotou?
Lula é birrento. Aprendeu a crescer brigando. Mas é um conciliador por vocação. Em seus tempos de líder sindical, fazia greves e negociava às escondidas com os patrões.
Sente-se, hoje, rejeitado pelas elites que no passado ganharam muito dinheiro com seus governos, e que bateram à sua porta pedindo para que fosse candidato a suceder a Dilma em 2014.
*Blog do Noblat