A Rússia acusou, nesta segunda (24), os Estados Unidos pelo ataque ucraniano em Sebastopol que matou ao menos cinco pessoas, incluindo três crianças, e feriram mais 151, segundo autoridades do Kremlin.
No ataque aéreo realizado neste domingo (23) a Ucrânia utilizou mísseis do tipo Sistema de Mísseis Táticos do Exército (ATACMS) entregue pelos EUA.
De acordo com o Ministério da Defesa russo, o exército ucraniano ainda contou com o apoio de especialistas americanos, que definiram as coordenadas de voo dos mísseis com base em informações de satélites espiões dos EUA.
“A responsabilidade pelo ataque deliberado de mísseis aos civis de Sebastopol recai acima de tudo em Washington, que forneceu essas armas à Ucrânia, e pelo regime de Kiev, de cujo território esse ataque foi realizado”, disse o ministério.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, chamou a ação de “ataque bárbaro” e a chancelaria convocou a embaixadora americana na Rússia, Lynne Tracy, para dizer a ela que Moscou culpa tanto os EUA quanto a Ucrânia pelo bombardeio.
“O envolvimento dos EUA nos combates, resultando na morte de russos pacíficos, não pode ficar sem consequências”, disse Peskov.
O Pentágono reagiu se isentando ao dizer que a Ucrânia “toma as suas próprias decisões sobre alvos e conduz as suas próprias operações militares”, de acordo com o major Charlie Dietz, porta-voz da Defesa dos EUA.
Em resposta, o Kremlin confirmou também nesta segunda que Putin ordenou a revisão da doutrina nuclear russa, que deverá facilitar o emprego de armas táticas (de menor impacto destrutivo) deste tipo.
“O presidente Putin disse que o trabalho está em andamento para alinhar a doutrina com as realidades atuais”, destacou Peskov em um briefing, sem dar mais detalhes
No final de maio, o presidente dos EUA, Joe Biden, através do seu secretário de Estado, Antony Blinken, confirmou a autorização para a Ucrânia utilizar armas fornecidas pelos americanos em ataques dentro da Rússia.
“Ao longo das últimas semanas, a Ucrânia pediu autorização para usar as armas que estamos fornecendo para se defender contra esta agressão, incluindo contra as forças russas que se concentram no lado russo da fronteira e depois atacam a Ucrânia, disse Blinken.
Depois do sinal verde dos EUA, pelo menos 13 países ocidentais autorizaram a Ucrânia a usar as suas armas contra alvos militares russos. Alemanha, França, Reino Unido e Holanda alegaram que tais ataques devem “respeitar o direito internacional”.
Desde o início da guerra em 2022, aliados ocidentais de Kiev estipularam que as armas enviadas por eles à Ucrânia poderiam ser usadas apenas para fins defensivos, não para atacar a Rússia.
Tal medida seria evitada porque uma ofensiva direta contra território russo com armas fornecidas pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) poderia agravar drasticamente a guerra. Agora, o Ocidente altera o curso desta política e o conflito pode entrar em uma perigosa escalada