A continuidade da taxa básica de juros em 10,5% ao ano sob o pretexto inflacionário desagradou diversos setores, inclusive da indústria e do comércio. A pedido do Valor, a gestora Paramis Capital calculou o custo financeiro dessa taxa Selic alta em R$ 78 bilhões ao ano para os empresários.
Como exemplo, se os juros fechassem o ano em 9%, como era estimado meses atrás, este custo seria R$ 11,1 bilhões menor, de R$ 66,9 bilhões. Em 9,5%, o impacto seria R$ 7,4 bilhões abaixo, de R$ 70,6 bilhões ao ano.
Ao jornal, o diretor de investimentos de crédito e grandes fortunas da Paramis, Ricardo Nunes, pontua que a Selic acima de 10% atrasa projetos e desacelera o crescimento de certos grupos econômicos. A aposta da manutenção da taxa é feita por ele sem descartar até mesmo um aumento, diz o Vermelho.
O Boletim Focus, que reúne as projeções do mercado, coloca que os juros fecham o ano em 10,5%. Há quatro semanas a previsão era para 10%.
Para os cálculos, estima-se que as dívidas corporativas atreladas ao CDI passaram de R$ 610 bilhões em abril para R$ 743 bilhões.
A manutenção dos juros foi alvo de críticas de empresários. Para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), que há tempos pede por cortes robustos e defendia a manutenção das reduções, a decisão só vai impor restrições adicionais à atividade econômica, com reflexos negativos sobre o emprego e a renda, sem que o quadro inflacionário exija tamanho sacrifício.