Durante a posse de Magda Chambriard, Lula afirmou que a Petrobras será uma empresa de energia mesmo quando o petróleo não estiver mais em uso. Ele também criticou a Lava Jato e os governos Temer e Bolsonaro por tentarem destruir a companhia.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um aceno ao mercado nesta quarta-feira (19) durante a posse de Magda Chambriard como a nova presidenta da Petrobras. Ele afirmou que não quer prejuízo aos acionistas. Mas também quer uma gestão comprometida com o desenvolvimento econômico e com a transição energética.
“Ninguém quer que nenhum acionista tenha um centavo de prejuízo. Se investiu, tem direito a ter seu retorno do investimento”, disse Lula, adotando tom conciliador. “Ninguém quer que a Petrobras seja uma empresa deficitária, que ela perca dinheiro. Não. Eu quero a Petrobras uma empresa lucrativa. Quanto mais lucro, mais investimento e mais impostos vai pagar, e mais o Haddad vai ficar feliz com o dinheiro para poder o Tesouro ajudar os prefeitos e os estados”, afirmou.
Ao mesmo tempo, disse que seu governo trabalha por uma Petrobras mais integrada e “indutora do desenvolvimento nacional”. “Nós queremos um Brasil grande, e é por isso que nós amamos a Petrobras”. Nesse sentido, ele destacou que, com as empresas públicas – a Petrobras entre elas –, o Brasil foi “o último país a entrar” e “o primeiro a sair” durante a crise mundial de 2008. Nesse sentido, lamentou as privatizações da Eletrobras e a Vale.
Além disso, Lula defendeu o papel da Petrobras na transição energética. Magda, a nova presidenta, disse que o petróleo vai financiar essa transição. Da mesma forma, Lula afirmou que “mesmo quando o petróleo não for mais motivo para a existência da Petrobras, ela será um empresa de energia, vai refinar nosso biodiesel, ela pode produzir hidrogênio verde, produzir uma série de outras coisas”.
“Farsa”da Lava Jato e “desmonte”
Durante seu discurso na posse da nova presidenta, Lula afirmou ainda que o objetivo da operação Lava Jato era “destruir” a Petrobras. “A Lava Jato na verdade mirava o desmonte e a privatização da Petrobras. O que fizeram foi tentar destruir a imagem da empresa, e a imagem vale tanto quanto o produto”, disse o presidente. “A quantidade de mentiras que se contou sobre essa empresa, que o Brasil recebia 24 horas por dia… E o mais grave é que não tem volta”, ressaltou, traçando um paralelo com a crise que levou o presidente Getúlio Vargas ao suicídio em 1954, segundo a RBA.
“A farsa que sustentou a Lava Jato foi desmontada e aqui estamos de volta para reconstruir a Petrobras e o Brasil. Para reafirmar o papel da Petrobras no crescimento do país e nossa soberania. Uma empresa que produz óleo, gás e energia, mas também investe em pesquisa, inovação, em transição energética. Uma empresa que investe em cultura, que produz conhecimento e inovação”, disse.
Voltando a criticar a Lava Jato, disse que “se o objetivo fosse combater a corrupção, que se punissem os corruptos, deixando intacto o patrimônio do nosso povo. Mas eles quiseram vender o nosso patrimônio”.
Lula também criticou o período iniciado no mandato de Michel Temer e concluído com Jair Bolsonaro — sem citar nenhum dos dois — quando, segundo Lula, “houve um terremoto ou uma praga da gafanhotos” e a Petrobras sofreu com a interrupção dos investimentos em sua capacidade produtiva e teve parte de seus ativos vendidos. “Foram tentativas de desmonte e dilapidação. (…) A Petrobras sofreu ataques da elite política e econômica do país, sem compromisso de melhoria de vida do povo.”