Efeitos da derrota da união fracassada dos conservadores e dos social-democratas para se render ao neoliberalismo é um aviso para a esquerda na periferia capitalista.
A direita e a ultradireita, especialmente na França e Alemanha, que guardam o orgulho de uma Europa outrora hegemônica sob capitalismo clássico liberal, derrotaram a atual elite financeira conservadora que comanda a União Europeia, rendida ao financismo especulativo americano, essencialmente, pró-guerra contra Rússia, no qual uma esquerda belicosa embarcou, o que está levando o velho continente à pobreza e decadência. Ao ficar sem as matérias-primas russas baratas – petróleo, gás e minérios, bem como partes, peças e componentes manufaturados – fundamentais à industrialização europeia, para atender pressões dos Estados Unidos e Otan, dispostos a derrota a Rússia, o padrão de vida da população europeia despencou.
Os Estados Unidos usaram a Europa para tentar derrotar a Rússia, mas deram com os burros n’agua, deixando os europeus nas alturas sem escada com broxa nas mãos. Aumentaram inflação, câmbio e juros e despencaram salários, criando incertezas e expectativa de perda de competitividade europeia, tanto para Estados Unidos como para China, que, aliada à Rússia, impõem nova correlação de forças global.
O troco da população do velho continente veio nas urnas, sinalizando que ela estava mais satisfeita com Putin do que com Biden. O primeiro, com política de fornecimento de matérias-primas baratas, sinalizava política de cooperação, na linha do que propõe o BRICS, do qual é aliado. Já com o segundo, os europeus não têm nada a ganhar, só a perder. Ao imporem sanções econômicas à Rússia, em represália à invasão russa na Ucrânia, para se defender da guerra por procuração financiada pelos EUA-OTAN, em território ucraniano, os Estados Unidos viraram fornecedores dos europeus dos produtos antes fornecidos pelos russos, cobrando o triplo do preço.
O padrão de vida na Europa veio abaixo. O resultado é que a Rússia, diante da fuga europeia dos produtos russos, por pressão de Washington, não se sucumbiu às sanções americanas e partiu para a união com a China que, alinhadas, fortalecem, agora, os BRICS, cujo PIB já supera a União Europeia em paridade do poder de compra.
Europa entre Rússia e os Estados Unidos
O rublo russo não se desvalorizou e, ao lado do yuan chinês, na tarefa de construção da rota da seda, voltando a economia mundial para o lado asiático, ameaçam mais seriamente o dólar, na construção de novo modelo de pagamento internacional, como se discutiu no Fórum Internacional Econômico de São Petersburgo. Os russos estão propalando que a Europa entrou em crise por ter dado preferência às relações com os Estados Unidos, que a exploram, extraindo mais-valia, via inflação, câmbio e juros dos europeus.
Antes da guerra na Ucrânia, a vida europeia estava mais estável do que no pós-guerra ucraniano, em que a Rússia venceu seu adversário EUA-OTAN.
O empenho de Washington em levar os europeus ao armamentismo para insistir na luta contra a Rússia de modo a vingar derrota da Ucrânia, melhor, da OTAN-EUA, é uma aposta que aprofunda a divisão europeia, cujas consequências foram expressas negativamente nas urnas com derrota dos partidos conservadores aliados à social-democracia pró-Washington.