Além disso, casa onde ela sofreu violência, em Fortaleza, será transformada em memorial
Após ser ameaçada mais uma vez, Maria da Penha vai ganhar proteção do Estado.
Além disso, sua casa será transformada em um memorial para servir como referência no combate à violência contra a mulher, informam os colunistas do UOL Jamil Chade e Cristina Fibe.
Maria da Penha vem sofrendo nos últimos anos uma série de ataques da extrema direita e, recentemente, os ataques se intensificaram, sempre partindo de comunidades digitais dominadas pelo machismo e por homens que odeiam mulheres.
Essa onda misógina procura se fortalecer com base em fake news e mentiras. Por ser um símbolo do combate à violência doméstica no Brasil, inspiração para uma lei que leva seu nome criada para punir agressores de mulheres, Maria da Penha tornou-se alvo.
Uma das notícias falsas que passaram a circular questiona as duas tentativas de feminicídio pelas quais o ex-marido dela foi condenado. Esse discurso mentiroso vai contra todas as informações já comprovadas pela Justiça, propondo uma postura de vitimização do criminoso.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, viajou até o Ceará para tratar tanto com o governador Elmano de Freitas (PT) como com a Secretaria de Mulheres.
Ficou estabelecido que Maria da Penha entrará no programa de proteção a defensoras de direitos humanos e passar a ter segurança particular.
Além disso, a casa onde ela sofreu violência, em Fortaleza, será transformada em memorial. O local está alugado e o projeto era inviabilizado por falta de recursos — a família, inclusive, precisava vender a casa. O governo do estado, solicitado pela ministra, pediu agora a desapropriação do imóvel e o declarou de utilidade pública.
“A sociedade machista e misógina delega às mulheres a tarefa de seguir comprovando, de inúmeras maneiras, as violências que sofreram nas mãos de seus atuais ou ex-companheiros, mesmo após eles terem sido julgados e condenados”, disse a ministra, em declaração aos colunistas do UOL.
“Da mesma forma, insiste na falácia de ‘ouvir o outro lado’, ou seja, os agressores condenados, criando uma onda de ódio e fake news contra as vítimas”, afirmou.
“É inaceitável que Maria da Penha esteja passando por esse processo de revitimização ainda hoje no Brasil, 18 anos após ter emprestado seu nome a uma das leis mais importantes do mundo para a prevenção e o enfrentamento à violência doméstica e familiar contra mulheres.”
Para Cida, Maria da Penha é “símbolo de resistência e avanço na luta pelos direitos das mulheres”.
“Tenho insistido que é fundamental que todos, sociedade e Estado, reafirmem o compromisso de não revitimizar mulheres vítimas de violência”, defendeu.
“E isso inclui preservar sua história e memória. Esta semana demos um passo fundamental nessa direção. A residência onde Maria da Penha viveu à época das violências, em Fortaleza, vai virar um memorial, com apoio do governo do estado do Ceará, a pedido do Ministério das Mulheres”, explicou Cida, completando que esteve “pessoalmente com o governador Elmano de Freitas, na última segunda-feira (3)”.
Ao UOL, Maria da Penha lamentou ter que lidar com uma onda de ataques e fake news após 41 anos das violências que sofreu e 18 da Lei Maria da Penha.
*ICL