É improvável que ela escape de algum indiciamento, embora a ex-primeira-dama sempre tenha negado as acusações
A Polícia Federal (PF) está próxima de concluir o inquérito que investiga enriquecimento ilícito e apropriação ilegal de patrimônio público pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) e está aprofundando os dados que envolvem a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Fontes ouvidas por Juliana Dal Piva, do ICL Notícias, indicam que, com o material obtido, é improvável que Michelle escape de algum indiciamento, embora a ex-primeira-dama sempre tenha negado as acusações.
O inquérito investiga tanto a venda ilegal de joias presenteadas pelo governo saudita quanto o desvio de recursos públicos para pagamentos de Michelle e seus familiares com dinheiro vivo. A investigação obteve mais dados sobre o envolvimento de Michelle no segundo caso.
As suspeitas sobre os desvios surgiram a partir de comprovantes de pagamentos encontrados no celular do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, ampliadas pela quebra de sigilo bancário e fiscal do militar e de outros ex-funcionários da ajudância de ordens.
A PF identificou pagamentos de boletos para um irmão da ex-primeira-dama em setembro de 2021. Também foram encontradas mensagens indicando que Bolsonaro orientou Cid a pagar uma despesa hospitalar para uma tia de Michelle, Maria Helena Braga, em dinheiro vivo, conforme revelado por uma reportagem do jornalista Aguirre Talento.
Os investigadores suspeitam que uma empresa com contratos públicos durante a gestão Bolsonaro seria a origem das transferências feitas para um militar da ajudância de ordens, subordinado a Cid. O inquérito aponta que o segundo-sargento Luis Marcos dos Reis fez saques em dinheiro vivo para pagar despesas de um cartão de crédito utilizado por Michelle Bolsonaro e também realizou 12 depósitos em dinheiro na conta de uma tia de Michelle.
A PF identificou que os depósitos de R$ 25,3 mil feitos para a conta do sargento Dos Reis vieram da Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais para Construção, empresa com sede em Goiânia e contratos com o governo federal, principalmente com a estatal Codevasf.
Também foram encontrados três depósitos do sargento para a conta de Rosimary Cardoso Cordeiro, amiga de Michelle que emitiu um cartão de crédito para a ex-primeira-dama. Os depósitos em espécie recebidos por Rosimary eram usados para pagar a fatura do cartão de crédito de Michelle, e outros depósitos foram feitos diretamente para sua tia, Maria Helena Graces de Moraes Braga.