Investigação jornalística desmascara ações de Israel contra TPI

Investigação jornalística desmascara ações de Israel contra TPI

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País mobilizou agências de inteligência para pressionar funcionários da Corte e impedir investigações de crimes cometidos na Palestina

Israel travou uma “guerra” de bastidores contra o Tribunal Penal Internacional (TPI) ao longo de quase uma década, com suas agências de inteligência vigiando, pressionando e ameaçando funcionários seniores do tribunal para inviabilizar investigações.

Investigação realizada pelo jornal britânico The Guardian com as revistas israelitas Local Call (veículo de língua hebraica) e +972 (publicação israelo-palestina) revela que a inteligência de Israel obteve acesso às comunicações de diversos profissionais do TPI, dentre eles o atual procurador-chefe do TPI, Karim Han, e sua antecessora, Fatou Bensouda, obtendo acesso a telefonemas, mensagens, e-mails e documentos.

Tais ações tiveram andamento inclusive nos últimos meses, permitindo que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tivesse conhecimento prévio dos movimentos do atual procurador-chefe do TPI.

Esses movimentos vieram a público apenas agora, mas a reportagem mostra que as ações israelenses nos bastidores vinham desde 2015 – e um dos agentes responsáveis era o então diretor da agência de inteligência Mossad, Yossi Cohen.

Apontado como um dos principais aliados de Netanyahu, Cohen chegou a estabelecer contato com a então procuradora-geral do TPI, Fatou Bensouda, antes de a jurista abrir uma investigação formal sobre crimes de guerra e contra a humanidade ocorridos na Palestina.

Tal apuração culminou com o anúncio do atual procurador-chefe do TPI, Karim Kahn, na última semana, quando divulgou a busca pela emissão de um mandado de prisão contra Netanyahu e seu ministro de Defesa, Yoav Gallant, por conta da conduta israelense em Gaza. Três líderes do Hamas também foram alvo dessa decisão.

Inclusive, uma fonte ouvida pela reportagem destacou que um dos conteúdos interceptados era um documento indicando que Khan queria emitir mandados de prisão contra autoridades israelenses, mas que estava sob “tremenda pressão dos Estados Unidos”.

*GGN

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