Quem viu o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) por aí?
A segunda-feira (21/5) começou com o governador Eduardo Leite (PSDB), em entrevista ao jornal Globo, defendendo o adiamento das eleições municipais no seu estado, o Rio Grande do Sul, devastado pelas chuvas. E terminou com ele, à noite, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, aparentemente defendendo o contrário.
Ao Globo, ele disse:
“Ainda é um pouco cedo, mas também não vai poder retardar muito essa discussão. Junho já é um momento pré-eleitoral e em julho se estabelecem as convenções. É um debate pertinente. O Estado estará em reconstrução, ainda em momentos incipientes, em que trocas de governos municipais podem atrapalhar esse processo. O próprio debate eleitoral pode acabar dificultando a recuperação.”
E à TV Cultura:
“Não estou discutindo essa ideia no momento (…) Existem muitos argumentos contra o [adiamento das eleições], vivemos em uma democracia, a rotina do voto é importante, tem toda essa questão de prorrogar, enfim… Acho que é precipitado, não é tema para o momento, se for, não vai ser liderado pelo governo do estado. Tendo as eleições regularmente, vamos lidar com elas.”
Leite está parecendo uma barata tonta. Dirá, se já não disse, que foi mal interpretado, ou que se explicou mal quando afirmou ao Globo que o adiamento das eleições “é um debate pertinente” e que “trocas de governos municipais” e “o próprio debate eleitoral” poderiam atrapalhar o processo de recuperação do Rio Grande do Sul.
Ou então poderá dizer a partir de hoje que se explicou mal quando afirmou à TV Cultura que “tem toda essa questão de prorrogar” [as eleições], mas que acha “precipitado” fazê-lo neste “momento”; se houver discussão, ela não será liderada “pelo governo do Estado”. Suas palavras, portanto, teriam sido retiradas de contexto, uma desculpa corriqueira,.
Na semana passada, em entrevista à Rede Bandeirantes de Televisão, perguntado sobre a construção de casas para os desabrigados que perderam as suas, Leite preferiu falar sobre o impacto no comércio local das doações que chegam ao Rio Grande do Sul enviadas por brasileiros de todos os Estados, solidários com os gaúchos.
Primeiro, Leite agradeceu “à monumental solidariedade” das pessoas, para em seguida dizer coisas do tipo:
“[…] quando você tem um número tão grande de doações físicas chegando ao estado, há um receio, pelo que já observamos em outras situações, sobre o impacto que isso terá no comércio local.”
“Você tem uma cidade que foi impactada, um comércio que foi impactado, e o reerguimento desse comércio fica dificultado na medida em que você tem uma série de itens que estão vindo também de outros lugares do país […]”.
“[Não quero] ser entendido como alguém que está desprezando isso, pelo contrário. Mas inclusive isso, também, gera uma preocupação aqui pra nós sobre o impacto no comércio local do Rio Grande do Sul.”
*Blog do Noblat