Movimento tem a previsão de abrir mais uma Cozinha Solidária em Canoas e precisa de apoio logístico para transportar alimentos
O trabalho de base dos movimentos sociais atendem e chegam onde o estado não consegue chegar, seja por dificuldade ou por desinteresse. A constatação é de Fernando Campos Costa, um dos responsáveis pela Cozinha Solidária do MTST em Azenha, bairro de Porto Alegre, que superou a marca de 3.200 marmitas distribuídas por dia à população desabrigada após as chuvas que inundaram boa parte do Rio Grande do Sul.
Costa foi um dos entrevistados do programa TVGGN da última sexta-feira (10), e contou que as prefeituras apresentam dificuldades para atuar e garantir que a população receba todo o suporte necessário em tempos de crise climática.
A Cozinha Solidária atualmente conta com um amplo número de voluntários e a unidade de Azenha conta com o apoio de diversas outras instituições e movimentos sociais, entre eles o Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), o Movimento dos Pequenos Agricultores e a Marcha Mundial das Mulheres.
Na sexta-feira, o projeto recebeu a primeira carga de cestas básicas do governo federal, resultado de diálogo do movimento mesmo antes da catástrofe. “Dialogamos com o governo também para poder ter apoios em relação à construção dessas novas 10 cozinhas”, comenta o entrevistado.
O MTST tem a previsão de abrir mais uma Cozinha Solidária em Canoas, mas precisa de apoio logístico para transportar alimentos em locais de difícil distribuição.
O movimento conta ainda com o apoio técnico de especialistas que já enfrentaram outras tragédias ambientais e climáticas, vindos de Brumadinho e Ouro Preto, ambos em Minas Gerais, além de Petrópolis, no Rio de Janeiro.
“É muita doação, muita solidariedade. Estamos com um grupo muito grande participando e a distribuição das marmitas começou produzindo 1.500 marmitas [por dia], hoje são 3.200 marmitas entregues”, comemora o entrevistado.
Política pública
O MTST mantém, atualmente, quase 50 cozinhas solidárias espalhadas pelo Brasil, criadas para lutar contra a mercantilização da alimentação. “É iniciativa do movimento que se tornou uma política pública junto ao programa de aquisição de alimentos e que fala ‘aqui tem almoço grátis’”, continua Costa.
Mais que garantir a dignidade das vítimas de enchentes, Fernando Costa argumenta que as Cozinhas Solidárias e o engajamento da sociedade civil para ajudar os atingidos pelas chuvas mostram ao país a necessidade de resgatar o conceito de comunidade e de estrutura social.
“É importante que os governos reconheçam a importância da sociedade civil. Vemos em vários espaços de participação que é uma coisa que não funciona, que não dialoga. Conselho de planos diretores e conselhos de meio ambiente estão andando aleatoriamente do que a população quer ou não quer”, acrescenta o entrevistado.
*GGN