Marielle foi executada por atritos políticos e interesses econômicos fundiários dos Brazão, diz a Procuradoria.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) entregou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), uma denúncia contra os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa pela execução da vereadora de Niterói, Marielle Franco (PSOL), na última terça-feira (7).
Além de apontá-los como mandantes e organizadores do crime, a PGR denunciou também o assessor de Domingos Brazão, Robson Calixto da Fonseca, mais conhecido como Peixe, e o policial militar Ronald Alves de Paula, o Major Ronald, por envolvimento no plano.
Enquanto Peixe deve responder por organização criminosa, o policial é acusado de participar do homicídio ao monitorar a vereadora. Fonseca foi preso pela Polícia Federal nesta quinta-feira (9), enquanto Major Ronald já estava detido em um presídio federal por homicídio e ocultação de cadáver.
Conclusões
A PGR aprofundou as investigações da Polícia Federal e concluiu que os irmãos Brazão e Barbosa devem ser processados e condenados pelo assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes.
Os três denunciados foram apontados como mandantes do homicídio. Já os irmãos Brazão foram denunciados ainda por organização criminosa. Em retribuição à morte da vereadora, Lessa recebeu uma promessa de pagamento.
Para compor a denúncia, a PGR contou com provas decorrentes de dados de movimentação de veículos, monitoramento de telefones e oitivas de diversas testemunhas, além do histórico político dos irmãos Brazão. Se for aceita, uma ação penal será aberta e os três passam a ser réus pelo crime no STF.
De acordo com as conclusões da PGR, Marielle foi executada por atritos políticos e interesses econômicos fundiários dos Brazão, que exploravam áreas dominadas pela milícia. O assassinato serviria ainda de aviso aos demais adversários dos irmãos.
Resposta
A defesa de Domingos Brazão informou que foi informada a respeito da denúncia do homicídio de Marielle Franco e Anderson Gomes pela imprensa. Porém, adianta que se trata de uma “hipótese inverossímil”, pois não há provas que sustentem a versão do homicida.
Os advogados do Deputado Federal Chiquinho Brazão também alegaram que não tiveram acesso à denúncia da PGR.
Representantes de Rivaldo Barbosa, os advogados Marcelo Ferreira e Felipe Dalleprane afirmaram que foram ao STF dia 8 para protocolar um pedido de revogação da prisão preventiva e, na data, não havia nenhuma novidade sobre o caso. A defesa afirmou ainda que a delação de Ronnie Lessa “parece mais importante do que o depoimento de um delegado de polícia com mais de 20 anos de excelentes serviços à segurança pública do RJ, que sequer teve a chance de expor sua versão sobre os fatos antes de ser denunciado”.
Assim como os irmãos Brazão, a defesa de Major Ronald afirma não ter tido acesso à denúncia, mas evidencia que a PF afirmou ausência de elementos que comprovem a participação do policial no crime.