Em meio a tragédia no RS, muitos internautas religiosos têm relacionado os eventos climáticos a ações sobrenaturais
Os eventos climáticos extremos, como as fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul, ainda não são vistos como consequência única da ação humana por 36% dos brasileiros, segundo pesquisa inédita feita Quaest, divulgada nesta quinta-feira (9).
O levantamento mostra que, de dezembro pra cá, o percentual de entrevistados que acham que as mudanças climáticas estão acontecendo por causa da ação humana caiu de 73% para 58%. Já 27% dizem que a ação humana é um fator, mas existem “outros motivos”. Enquanto 9% se mostram convictos de que a ação humana não tem nenhuma responsabilidade sobre o cenário.
A pesquisa não deixa claro quais seriam esses “outros motivos”. Contudo, em meio a tragédia no extremo Sul do país causada pelas enchentes, as redes sociais foram tomadas por teorias baseadas no fundamentalismo religioso cristão, a partir de publicações que relacionam o caos à “ira de Deus” com a desobediência do povo, ou ao fim dos tempos retratado na bíblia. Vale ressaltar, que o perfil dos entrevistados no levantamento, soma uma maioria cristã – com 59% de católicos e 34% de evangélicos.
Neste sentindo, é similar aos dados acima o percentual daqueles que negam de alguma forma a relação entre as enchentes e a conscientização a respeito das mudanças climáticas. Enquanto 64% afirmam que essa ligação é total, 30% crê que é algo parcial.
No geral, mais de 90% dos brasileiros ao menos reconhecem a existência e os efeitos das mudanças climáticas no país. Ainda, é quase unânime a percepção de que tem aumentado a intensidade e a frequência destes fenômenos naturais severos nos últimos anos, percentual que chegou a 96%.
Prevenção e responsabilidade
Já quando questionados sobre a prevenção do caos que tomou o RS, a maioria de 70% dos entrevistados afirmaram que a tragédia causada pelas enchentes poderia ter sido evitada com obras e investimentos em infraestrutura, contra 30% que disseram que nada poderia ter sido feito.
Ainda neste sentido, a maioria de 68% reconhece que o governo estadual, encabeçado por Eduardo Leite (PSDB) tem muita responsabilidade no caos, enquanto 20% afirma que a gestão tem pouca responsabilidade. Apenas 12% acredita que administração não tem responsabilidade nenhuma sobre a tragédia.
*GGN