Sem oficializar medida, presidente norte-americano disse que não irá enviar bombas e projéteis de artilharia se Exército israelense invadir Rafah.
Após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ameaçar cortar o envio de armas de ataque a Israel caso Rafah seja invadida, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou nesta quinta-feira (09/05) que Israel continuará combatendo o grupo palestino Hamas “mesmo sozinho”.
“Digo aos líderes do mundo: nenhuma pressão, nenhuma decisão por parte de qualquer fórum internacional impedirá Israel de se defender. Se Israel for obrigado a ficar sozinho, Israel ficará sozinho”, afirmou Netanyahu em um discurso feito na semana passada, mas republicado pelo mandatário nas redes sociais nesta quinta-feira.
Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, reforçou que o país “continuará combatendo o Hamas até sua destruição”.
Já o ministro da Segurança Nacional, Ben Gvir, de extrema direita, respondeu a ameaça norte-americana relacionando o Hamas ao presidente dos EUA, segundo ele, “o Hamas ama Biden”.
O gabinete de guerra do governo também convocou uma reunião para discutir os próximos passos após as declarações do presidente dos EUA.
Possível interrupção de armas de ataque
Biden afirmou nesta quarta-feira (08/05) que seu país interromperá o fornecimento de armas ofensivas a Israel caso o país mantenha o plano de invadir Rafah, na Faixa de Gaza. A declaração foi dada em entrevista à CNN após a primeira suspensão do envio de milhares de bombas dos EUA ao aliado.
“Continuaremos garantindo que Israel esteja seguro com o Domo de Ferro e sua capacidade de responder aos ataques recentes do Oriente Médio. Mas é simplesmente errado. Não faremos isso, não forneceremos armas e os projéteis de artilharia. Deixei claro que se eles entrarem em Rafah, não fornecerei as armas que têm sido usadas historicamente para lidar com Rafah, para lidar com as cidades – que lidam com esse problema”, afirmou sem especificar os tipos de instrumentos bélicos que deixariam de ser enviados a Tel Aviv.
Segundo o jornal britânico The Guardian, a Casa Branca afirmou que “entregas de armas já aprovadas poderiam ser atrasadas e os carregamentos que aguardam aprovação também poderiam enfrentar obstáculos, como uma remessa pendente de 6.500 armas, munições conjuntas de ataque direto, ou JDAMs , que convertem bombas de queda livre em armas guiadas com precisão”.
Biden também reconheceu que bombas norte-americanas enviadas a Israel foram usadas para matar civis em Gaza, justificando a suspensão do envio: “Civis foram mortos em Gaza como resultado dessas bombas e de outras maneiras de ataques contra centros de habitação”.
“Eu fui muito claro com o Bibi [como Netanyahu é chamado por Biden] e o gabinete de guerra. Eles não vão ter nosso apoio se eles atacarem os centros populacionais”, declarou Biden ao afirmar que a ofensiva de Israel ainda não cruzou sua “linha vermelha”, mas lembrando que atrasou um envio de bombas a Israel nesta quarta-feira (08/05), o carregamento incluía 3.500 munições, sendo 1.800 bombas de 2.000 libras e 1.700 bombas de 500 libras.
Rafah fica na fronteira com o Egito e abriga cerca de 1,2 milhão de pessoas, sendo 600 mil crianças, de acordo com o Unicef. A comunidade internacional teme um agravamento da catástrofe humanitária em Gaza no caso de uma incursão terrestre israelense, já que os civis não teriam mais para onde fugir.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa) informou, também nesta quinta-feira, que 80 mil pessoas já fugiram de Rafah desde 6 de maio, mas destacou que “nenhum lugar é seguro”. “Precisamos de um cessar-fogo agora”, disse o organismo.