Os desastres são naturais, as tragédias não. Nessa hora eles tentam encobrir a inação, a inaptidão e a crueldade de quem tem a caneta na mão!
Sim, Eduardo Leite já sabia.
Essa tragédia é a derrota do poder público diante da crise climática.
Não adianta vir aqui defender Eduardo Leite e dizer que não é hora de criticar.
Atuamos no tema o ano todo, enquanto a maioria dos deputados ignora nossas propostas e o governo nega os alertas da ciência.
Faço uma linha do tempo com os principais fatos pra quem tem dúvida:
Em 2010, foi aprovada a Lei sobre Mudanças Climáticas “pra inglês ver”.
Em 2013, o Painel do IPCC já continha alertas sobre aumento de chuvas e também de secas no RS.
Eis que, em 2015, começa o choque neoliberal de Sartori, seguido por Eduardo Leite, que destruiu a nossa capacidade de reação.
Em 2017, uma consultoria finalizou um Plano de Prevenção de Desastres, que nunca saiu do papel integralmente.
Em 2019, outra consultoria, dessa vez com mais de R$ 30 milhões de investimento (!!!!!!), entregou uma proposta de Zoneamento Ecológico Econômico que, aliado ao plano acima, poderia evitar perdas humanas, destruição urbana e rural e prejuízos econômicos. Até hoje, isso tá engavetado.
Em 2020 começa a pandemia, Eduardo Leite se diz defensor da ciência, mas tampa os ouvidos quando o assunto é crise climática: orientou “passar a boiada” e destruiu um dos melhores Códigos Ambientais do Brasil, tentou aprovar projetos de megamineração, sancionou uma lei de agrotóxicos bizarra, cruzou os braços com a devastação do Bioma Pampa, destruiu a Fundação Zoobotânica, deixou a Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros e todos servidores da área ambiental na míngua.
Em 2023, após as tragédias, o governo lança o “ProClima 2050”, que não passa de uma carta de intenções marketeira, já que dois meses depois vem a gota d’água, o Orçamento de 2024, que foi tema do meu último post.
Essa é a atitude mais criminosa, por que 2023 foi o pior ano em termos de desastres em toda a nossa história, 40% dos decretos de emergência por conta de chuvas em todo o Brasil foram aqui. Mesmo assim, deputados, o Estado e os municípios cruzaram os braços.
Nós não ficamos só no discurso. Propus no 1° dia de mandato o PL que institui o Estado de Emergência Climática Permanente no RS, mas que avança a passos lentos por conta de impedimentos do governo. Dentre outras propostas, há algumas semanas apresentamos um PL que incentiva a arborização urbana e recomposição das matas ciliares, o que vai auxiliar o impacto das chuvas intensas.
*GGN