Segundo fontes radicadas em Washington, em condição de anonimato, o ataque do governo de Equador à embaixada do México em Quito foi uma operação dirigida e apoiada nos bastidores pelo governo dos Estados Unidos.
O principal objetivo era criar uma estratégia política eleitoral orientada a reforçar a imagem do presidente equatoriano Daniel Noboa, que estava em campanha para a consulta popular de 21 de abril.
Outro objetivo era produzir um fato novo na campanha eleitoral no México, liderado pelo partido governista Movimento de Regeneração Nacional (Morena), que pudesse gerar ataques e crises ao presidente atual, Andrés Manuel López Obrador, com a ajuda dos meios de comunicação e os diferentes setores da oposição.
O terceiro objetivo era impor um estado de tensão na região, para evitar que organismos como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) pudesse recuperar sua força, o que ajudaria a complementar a ofensiva das novas direitas latino-americanas, que esperam pelo triunfo de Trump para passar (ainda mais) à ofensiva.
Como quarto e último objetivo, o assalto à embaixada pretendia intimidar a oposição no Equador, em especial o partido Revolução Cidadã, liderado pelo ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), buscando com isso enviar uma mensagem de que o governo de Noboa está disposto a cruzar qualquer linha vermelha em seu intuito de esmagar o correísmo e fazê-lo desaparecer como força política.
O ataque à embaixada mexicana no Equador contou com o consentimento prévio da Embaixada dos Estados Unidos no país sul-americano, e também do Departamento de Estado norte-americano e da Agência Central de Inteligência (CIA, por sua sigla em inglês), segundo o opera.
Foi avisado ao presidente do Equador que uma possível fuga iminente de Jorge Glas, similar ao ocorrido em 2023 com a ex-ministra correísta María de los Ángeles Duarte – que se encontrava como refugiada na embaixada da Argentina, terminaria expondo seu governo ao ridículo e sepultaria seu sonho de aspirar a uma reeleição, a partir de uma derrota quase certa na consulta popular.
Agentes da CIA no Equador prepararam de antemão o operativo de captura do ex-vice-presidente Jorge Glas, em conjunto com unidades de elite equatorianas.
Antes do operativo, os agentes norte-americanos em Quito compartilharam com o governo de Noboa toda a informação disponível sobre a embaixada do México e o lugar exato onde estava Glas. Essas informações foram adquirida através de aplicativos secretos de escuta e filmagem instalados ilegalmente na sede diplomática mexicana.
Horas antes da invasão, o presidente Noboa se reuniu em segredo com o embaixador dos Estados Unidos em seu país, quem deu o sinal verde para que a ação fosse executada.