Explosões ecoaram sobre uma cidade iraniana nesta quinta, o que foi apontado como um ataque israelense. O Irã minimizou a ação, mas internacionalistas temem a intensificação das hostilidades no Oriente Médio.
O risco de uma nova guerra mundial existe diante do acirramento do conflito entre Israel e Irã, o que pode arrastar o planeta para uma crise econômica de grandes proporções. É o que afirmam especialistas entrevistados pela Agência Brasil.
Na noite desta quinta-feira (18), a mídia e as autoridades iranianas descreveram um pequeno número de explosões que, segundo eles, levaram as defesas aéreas do Irã a interceptar três drones sobre a cidade de Isfahan. Segundo o jornal The New York Times, autoridades israelenses confirmaram o ataque sob condição de anonimato. A ação seria um revide ao lançamento de 300 mísseis e drones contra Israel no sábado (13) que, por sua vez, era uma resposta do Irã ao atentado à embaixada em Damasco, na Síria, que deixou diversos mortos em 1º de abril.
O governo do Teerã, contudo, se referiu ao incidente como um ataque de “infiltrados”, e não de Israel, evitando a necessidade de retaliação nesta sexta (19). A resposta iraniana sinaliza positivamente para o trabalho de diplomatas que tentam evitar que o conflito se escale.
O doutor em história pela Universidade de São Paulo (USP), José Arbex Junior, avalia que estamos caminhando para um cenário que, se não for contido, pode levar a uma guerra mundial. “Quando você engaja o Irã no conflito, você está mexendo com toda a estrutura geopolítica de poder e, historicamente, os Estados Unidos mantém uma relação bastante hostil com o Irã desde pelo menos 1979, quando teve a Revolução Iraniana”, comenta.
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Para o especialista, os EUA e seus aliados vivem agora um novo impasse. “Eles não têm como entrar com tudo em uma guerra contra o Irã. Afinal, isso arruinaria a economia mundial e arruinaria as chances do (Joe) Biden se reeleger presidente dos EUA”, destaca.
Arbex lembra que o Irã controla o Estreito de Hormuz, pequeno pedaço de oceano por onde passa boa parte do comércio mundial de petróleo. “Imagina se o Irã, em uma situação de conflito, resolve fechar o Estreito de Hormuz? O preço do barril do petróleo sobe, tranquilamente, para 150 dólares ou mais. Isso explode a economia europeia. Por isso que os europeus estão em pânico”, completa.
O professor de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), que foi correspondente internacional em Moscou e Nova Iorque, explica ainda que o Irã é fundamental para economia chinesa. “(O petróleo do Irã) é o sangue da economia chinesa. Então, se for interrompido o fornecimento de petróleo para a China, por força da guerra, não tenho dúvida nenhuma de que a China vai se alinhar com o Irã”, completa Arbex, acrescentando que, diplomaticamente, Pequim já é próximo de Teerã.
A professora de Relações Internacionais do Ibmec de São Paulo Natalia Fingermann também avalia que a guerra, hoje regional, pode escalar para uma guerra global devido ao cenário de grande instabilidade, que vem se agravando desde a Guerra na Ucrânia. “O risco existe. Não é uma coisa totalmente distante, louca ou sem sentido nenhum. O risco existe e acho que ele nunca foi tão possível, pelo menos nos últimos 40 anos”, destaca a professora. Ela completa que há ainda o risco do uso de armas nucleares.
Fingermann lembra que a escalada do conflito pode aumentar a inflação global, afetando todo o mundo. “(Se o conflito aumentar), vamos ter um aumento do preço do petróleo e, consequentemente, um processo de inflação global porque, querendo ou não, o petróleo ainda é a principal fonte de energia e de transporte do alimento do mundo”, acrescentou
*RBA