Na manhã desta quarta-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou-se com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, em Bogotá, e fechou seis acordos bilaterais. O encontro marca a visita oficial de Lula ao país, iniciada na terça-feira (16). Os primeiros compromissos do presidente brasileiro incluiram uma reunião de trabalho com Petro, seguida pela assinatura dos acordos e um almoço na Casa de Nariño, o palácio presidencial colombiano.
Este encontro, que acontece em meio à crise diplomática entre o Equador e o México, concentra-se em questões relacionadas aos investimentos comerciais, à agricultura social, à proteção da Amazônia e aos direitos humanos. Delegações de ambos os governos realizarão reuniões para tratar de questões específicas de interesse binacional, incluindo a implementação da Declaração de Belém do Pará de 2023, conforme indicado pela Casa de Nariño.
No almoço na Casa de Nariño, o palácio presidencial colombiano, Lula fez um discurso em que defendeu a união dos dois países no combate ao crime organizado, ao garimpo e ao desmatamento na Amazônia.
“A Floresta Amazônica nos une com suas riquezas humanas e naturais e o potencial de uma bioeconomia tropical. Juntos combatemos de forma mais eficaz o desmatamento, a mineração ilegal, o crime organizado e a mudança do clima”, declarou o petista.
No pronunciamento, Lula também disse que Brasil e Colômbia têm “governos que partilham do compromisso de tornar as sociedades mais justas, inclusivas e sustentáveis”.
À tarde, Lula e Petro participaram de um fórum empresarial e da abertura da Feira Internacional do Livro de Bogotá, onde o Brasil é o país homenageado desta edição, um dos principais eventos culturais da Colômbia.
Esta é a segunda visita de Lula à Colômbia durante seu terceiro mandato presidencial. A primeira ocorreu em julho de 2023, quando ele se encontrou com Petro em Leticia, cidade amazônica na fronteira entre os dois países, para discutir o desenvolvimento sustentável da floresta.
Seis acordos bilaterais
Foram dois acordos e quatro memorandos de entendimento. Em relação aos acordos, um foi de cooperação técnica para questões cartográficas e combate à fome, e o segundo foi de cooperação entre os Ministérios das Comunicações do Brasil e o Ministério de TIC da Colômbia.
Em relação aos memorandos de entendimento, o primeiro foi para a prevenção do crime de tráfico de pessoas e transferência de conhecimento. Este foi assinado entre os dois ministérios das Relações Exteriores dos respectivos países.
O segundo memorando foi assinado pela Vice-Presidente Francia Márquez, como Ministra da Igualdade, e pelo Ministro dos Direitos Humanos do Brasil, Silvio Almeida. O seu principal objetivo é abrir espaços de cooperação para populações LGTBI, migrantes, idosos, pessoas com deficiência e pessoas que vivem nas ruas.
Também foi assinado um memorando de entendimento entre os ministérios responsáveis pelo turismo do Brasil e da Colômbia. Na mesma linha, os Ministérios da Agricultura de cada país assinaram outro memorando cujo objetivo é o desenvolvimento da agricultura familiar.
Venezuela, Equador, Amazônia, Mercosul e Celac
Entre os temas discutidos por Lula e Petro está a eleição presidencial na Venezuela, agendada para 28 de julho. A votação é objeto de desconfiança internacional devido à possível falta de lisura, já que o presidente Nicolás Maduro busca um terceiro mandato consecutivo.
“É bastante esperado que possamos tratar desses temas, sempre com um espírito construtivo e de engajamento”, disse João Marcelo Galvão de Queiroz, diretor do Departamento do Sul da América do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
Além da Venezuela, Lula e Petro têm um “cardápio” de temas que devem abordar durante a visita, incluindo desenvolvimento sustentável da Amazônia, relação comercial, inclusão social de indígenas e negros, e integração regional.
Brasil e Colômbia compartilham território coberto pela Amazônia, e ambos os presidentes defendem o desenvolvimento sustentável da região, buscando apoio financeiro de países mais ricos.
No âmbito regional, Lula e Petro também podem abordar a crise diplomática entre México e Equador. A polícia equatoriana invadiu a embaixada do México em Quito e prendeu o ex-vice-presidente Jorge Glas, apesar de ter recebido asilo político do governo mexicano.
Lula criticou o Equador, classificando o ato como uma “grave ruptura do direito internacional”. O tema tem sido tratado pela Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
A visita oficial de Lula incluirá a assinatura de vários instrumentos de cooperação para promover alianças estratégicas nos campos dos direitos humanos e do desenvolvimento rural.
Cerca de 300 empresários dos dois países se reuniram no Fórum Empresarial Brasil-Colômbia, organizado pela ApexBrasil e ProColombia.
O comércio bilateral entre Brasil e Colômbia ultrapassou os seis bilhões de dólares em 2023, com mais de 70 empresas brasileiras estabelecidas no país.