O corregedor-geral, Luis Felipe Salomão, afirmou que os magistrados cometeram irregularidades na condução de processos e violações de deveres funcionais
Em votação realizada na noite desta terça-feira (16), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por maioria de 9 a 6, decidiu derrubar os afastamentos dos juízes Gabriela Hardt e Danilo Pereira, da Lava Jato. O CNJ acatou, porém, o afastamento dos desembargadores Thompson Flores e Loraci Flores de Lima.
O ministro Luis Felipe Salomão afirmou que os magistrados cometeram irregularidades na condução de processos e violações de deveres funcionais. Ele cita o desrespeito a decisões do Supremo Tribunal Federal em relação à Lava Jato.
O corregedor nacional de Justiça havia, nesta segunda (15), determinado o afastamento de Hardt e Pereira Júnior. Eles são, respectivamente, ex e atual titular da 13ª Vara de Curitiba, responsável Operação pela Lava Jato.
O placar final ficou em:
9 a 6 votos para derrubar os afastamentos de Hardt e Pereira;
Também 9 a 6 para manter os afastamentos dos desembargadores.
A decisão de Salomão entrou na pauta do CNJ nesta terça. A maioria dos conselheiros discordou do corregedor sobre o afastamento dos juízes. Entre eles, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Barroso considerou o afastamento dos magistrados ilegítima, arbitrária e desnecessária por ser uma decisão monocrática sem deliberação da maioria e sem nenhuma urgência que não pudesse aguardar 24h para ser submetida a esse plenário, segundo afirmou.
Gabriela Hardt substituiu o ex-juiz Sergio Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba, que comandou a Lava Jato. A juíza foi responsável pela homologação de um acordo que viabilizou a criação de uma fundação privada que seria abastecida com recursos do pagamento de multas da Petrobras em investigações da Lava Jato.
A fundação teria integrantes da força-tarefa entre seus gestores. Toda a arquitetura do fundo foi vista como uma irregularidade por Salomão. Os valores chegariam a R$ 3,5 bilhões. Ao determinar o afastamento dos juízes, o corregedor ressaltou os feitos da Lava Jato, citou que a investigação produziu achados relevantes para o país, mas que, em dado momento, “descambou para a ilegalidade”.
Em seu voto, Barroso disse que o afastamento de magistrado só pode ocorrer por decisão de maioria absoluta do CNJ e que não caberia decisão individual nesse sentido.
Como primeiro juiz da Lava Jato, o senador Sergio Moro (União-PR) também teria a conduta analisada na sessão do CNJ. Mas o conselho optou por tratar de Moro em uma sessão à parte, para não misturar com o afastamento dos magistrados.
O CNJ também começou a analisar se abrirá ou não um processo administrativo para investigar as condutas dos juízes Hardt e Pereira. O processo pode resultar em sanções que vão até a perda da função.
O corregedor-geral, Luis Felipe Salomão, votou a favor de abrir os processos. Em sua vez de votar, Barroso pediu vista (mais tempo para análise do caso). Com isso, a votação sobre abertura do processo não terminará nesta terça, segundo o g1.
Barroso argumentou que as informações sobre o caso chegaram aos conselheiros entre esta segunda e esta terça-feira (16) e que não deu tempo de analisar todo o conteúdo.
– Para se instaurar um processo administrativo contra alguém, é preciso que tenhamos acesso mínimo à prova que nem o super-homem poderia ter – afirmou.
A defesa de Gabriela Hardt argumentou que não houve manifestação da juíza quanto ao conteúdo do acordo com a Petrobras.
As defesas dos desembargadores Loraci Flores e Thompson Flores defenderam que os desembargadores sempre cumpriram decisões do Supremo.
Por sua vez, a defesa do juiz Danilo Pereira afirmou que, como juiz convocado, ele não tinha conhecimento de detalhes do contexto dos processos e das decisões sobre eles em instâncias superiores.