O bilionário sul-africano Elon Musk está usando o poder de comunicação da plataforma X (antigo Twitter) para desestabilizar a soberania nacional do Brasil e impulsionar seus negócios na região. O empresário já tentou interferir na política de outros países do continente em benefício do seu próprio capital.
A escalada das tensões entre Musk e o Poder Judiciário ocorre depois que o empresário usou seu perfil na plataforma para direcionar críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao ministro Alexandre de Moraes, afirmando que a vitória eleitoral do presidente Lula foi manobra do ministro.
Musk ameaçou por duas vezes obstruir à Justiça ao publicar que derrubaria as restrições aos perfis bloqueados pelo STF e pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), durante as eleições presidenciais de 2022.
O histórico de ações do sul-africano demonstra que o comportamento dos últimos dias não é um ato isolado ou um ativismo político interessado na liberdade de expressão dos brasileiros, mas uma estratégia comercial para beneficiar seu conglomerado.
O empresário é CEO da Tesla e SpaceX e dono de empresas como X (ex-Twitter), xAI, Neuralink e The Boring Company. Sua fortuna foi estimada em 193 bilhões dólares.
Nesta segunda (8), o presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou em entrevista coletiva que “tudo se resume a uma busca por lucro”, no primeiro pronunciamento após as polêmicas do empresário.
Como citou o Intercept Brasil, uma reportagem da Bloomberg mostrou, em 2023, que Elon Musk estaria interessado em comprar a Sigma Lithium, uma das maiores mineradoras de lítio no mundo. O metal é fundamental na produção dos carros elétricos da Tesla, num dos setores que mais crescem na economia mundial.
Na Índia, por exemplo, a Tesla pretende investir 3 bilhões de dólares em fábricas para frear o avanço da sua principal concorrente, a chinesa BYD. Lá, o X chegou a fazer publicações contra a Justiça do país, mas declarou que acataria todas as decisões do Poder.
Aqui no Brasil, Musk parece estar interessado em uma das fornecedoras que abastece os estoques de lítio e níquel da Tesla, a Vale.
Em matéria publicada no Intercept Brasil, os jornalistas Paulo Motoryn e Tatiana Dias, relembram que durante a visita de Musk ao Brasil em 2022, em meio ao mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro, o Serviço Geológico brasileiro descobriu várias reservas de lítio, sobretudo no Vale do Jequitinhonha, norte de Minas Gerais.
O que teria provocado as ambições do empresário no país, governo à época pela extrema-direita brasileira. Segundo a reportagem, três empresas exploram o minério na região: a Companhia Brasileira de Lítio, a canadense Sigma e a AMG Mineração.
Recentemente, a concorrente da Tesla no segmento, a chinesa BYD, anunciou um investimento de R$5,5 bilhões no país. No mundo, a BYD está muito perto de se tornar a maior montadora de carros elétricos do mundo, apesar do descrédito de Elon Musk. Os chineses venderam 3,2 milhões de carros elétricos em 2023, superando a mintadora de Musk, que entregou 1,8 milhão de carros ano passado.
Na América Latina, o bilionário começa a mexer os pauzinhos para que as empresas que controla tenham caminho livre para a exploração do lítio. A Argentina, Bolívia e Chile, concentram 68% das reservas mundiais do metal.
Em setembro de 2023, Musk registrou a marca Tesla Chile SpA no Chile, conforme publicação no Diário Oficial do país. Em fevereiro do mesmo ano, uma equipe da Tesla visitou locais de extração de lítio e um projeto de armazenamento de energia no país, conforme relatório de impacto publicado pela empresa.
“Essas visitas concentraram-se em questões relacionadas ao uso da água, direitos dos povos indígenas e o uso de novas tecnologias, como a extração direta de lítio, para obter o mineral de maneira mais eficiente, reduzindo o uso da terra, consumo de água e consumo de energia”, afirmou a montadora, na época.
Em 2020, Musk que ainda não era proprietário do X, usou seu perfil no antigo Twitter para defender abertamente um golpe na Bolívia: “Vamos dar golpe em quem quisermos! Lide com isso”. A ameaça foi uma resposta a uma postagem enviada ao bilionário sobre seu interesse em impedir que o ex-presidente boliviano Evo Morales continuasse no poder.