Considerado por muitos um “visionário”, Elon Musk se encaixa melhor na imagem de um novo “Cecil Rhodes” do século 21, ou seja, é um bilionário que passa a não mais ver barreiras civilizacionais para alcançar seus objetivos nem um pouco republicanos. Acusa adversários daquilo que ele já é há muitos anos, um déspota bilionário que abusa do poder econômico para declarar guerra contra a classe trabalhadora global e moldar o mundo ao seu ponto de vista particular. O mundo nunca esteve tão ameaçado como nos anos recentes da ascensão hostil de Musk, um notório combatente da Extrema Direita em âmbito empresarial.
Musk se vende e é vendido pelos meios de comunicação (alguns de propriedade sua) como um “popstar” de cinema, aquele que realiza o mito do Self made man e que conduziria a Humanidade para “o futuro”. Vê as estrelas no céu noturno como objetivos a serem alcançados, não importa como. Aí a semelhança com a lamentável figura histórica Cecil Rhodes cujos dizeres foram consagrados na Historiografia da Extrema Direita mundial no século XIX: “acredito que nós, britânicos, somos a primeira raça do mundo: quanto mais o dominarmos, melhor para a raça humana. Se eu pudesse, anexaria as estrelas.”
Cecil Rhodes, na sua megalomaníaca marcha que colocou gerações de trabalhadores escravos e semi-escravos do Zimbábue sob domínio britânico em situação deplorável, ao menos, reconhecia as limitações tecnológicas de seu tempo. Musk é a atualização 2.0 de Cecil Rhodes. Agora não há mais limites. Através da Space X realiza missões espaciais em parceria com a NASA e Agência Espacial Europeia e, para além das barreiras do espaço sideral, quer ser o ditador do Mundo, não reconhece leis, fronteiras e limites. Compra a crédito, débito, dólares e bitcoins políticos e parlamentares Mundo afora e financia à vontade e sem pudor Golpes de Estado onde for necessário: “vamos dar Golpe em quem quisermos”, disse Musk na sua própria rede social em Junho de 2020 (auge da Pandemia) quando se referia à situação deplorável na vizinha Bolívia. Ali, Musk assumia de forma despudorada e desavergonhada o seu financiamento àquele que foi considerado um dos Golpes de Estado mais violentos em anos recentes no país sul-americano em Dezembro de 2019. Musk também faz parte do clube dos magnatas das redes sociais que viu sua fortuna quadruplicar com a morte, a Pandemia nunca foi tão vantajosa para estes bilionários dos quais também incluem-se Jeff Bezos, Mark Zuckerberg e Bill Gates. Curiosamente, a Pandemia “surgiu” em circunstâncias ainda misteriosas na China Continental (terras dos quais Musk tem verdadeiro pavor, é o país de seus adversários políticos e, sobretudo, econômicos). A China é o lar de empresas como Xiaomi, Huawei e BYD – considerada hoje a grande concorrente da Tesla no mercado global de carros elétricos. Aqui temos o direito de especular, a quem interessou a Pandemia se ela se provou vantajosa economicamente para Musk e também atendia seus interesses geopolíticos e geoeconômicos? Um dia, quem sabe, saberemos a verdade oficial por trás da Pandemia de Covid-19 e certamente descobriremos que ela não interessava tanto à China como os meios de comunicação (parte deles de propriedade ou na folha de pagamento de Musk) insinuaram na época.
Não faz o menor sentido Elon Musk atacar o Supremo Tribunal Federal como tem feito nos últimos dias – com direito a mensagens e ameaças endereçadas ao ministro Alexandre de Moraes na sua rede social particular sendo que boa parte das pessoas informadas conhecem os métodos de ação geopolíticas de Musk, a tirania e o uso belicoso das redes sociais de sua propriedade para atingir o alvo. Quem realiza esse tipo de manobra gravíssima e bárbara não tem a menor preocupação com a liberdade de expressão alheia. Musk, ele próprio, não tolera críticas. Comprou o Twitter para ampliar sua influência ideológica em escala global. Curiosamente nesta ocasião também alegou que a rede americana “cerceava” a “mitológica” liberdade de expressão. Musk adora encantar seus súditos e fãs Mundo afora com o seu teatro de falácias religiosas. Não duvide que alguns queiram erguer “templos religiosos” em adoração à este demônio chamado Elon Musk.
Uma coisa é criticarmos a hipertrofia do poder Judiciário mundo afora (discussão feita em âmbito do pensamento liberal há muito tempo). Outra bem diferente é “simular” a crítica da hipertrofia de poderes para substituir um poder por outro. Musk quer ele próprio comandar o Brasil, um dos mercados consumidores mais atrativos do Planeta Terra e afastar a concorrente chinesa BYD que já possui uma fatia de mercado grande no Brasil e que cresceu de forma significativa a partir de 2023. É óbvio que Musk reagiria ao ver isso e a reação começou por meio do teatro de operações que usa um ativo valioso: a opinião pública despossuída e desprovida de criticidade para alcançar sua meta, anexar o Brasil e fazer de um dos maiores países do Globo em seu joguete particular. Não podemos cair nesta armadilha perigosa.