Após uma reunião com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, nesta sexta-feira (22/03), o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou que as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) invadirão Rafah e evacuarão os palestinos abrigados na cidade localizada no sul de Gaza, embora tenha prometido trabalhar junto com os Estados Unidos “para melhorar” a situação humanitária da região.
“Eu disse a ele que aprecio profundamente o fato de que, por mais de cinco meses, estivemos juntos na guerra contra o Hamas […] Não temos como derrotar o Hamas sem entrar em Rafah. Espero que façamos isso com o apoio dos Estados Unidos, mas se necessário, faremos isso sozinhos”, afirmou Netanyahu, por meio de vídeo.
As falas do premiê, no entanto, revelam divergência em relação ao apelo feito por Blinken durante o encontro desta manhã, uma vez que o norte-americano advertiu o governo israelense de que a nação “ficará preso em Gaza por anos e verá sua posição internacional prejudicada, além da segurança nacional em perigo [pelo Hamas]”, como relatou a agência de notícias palestina Wafa, diz Rocio Paik, Opera Mundi.
“Você não entende isso […] e quando fizer, pode ser tarde demais”, alertou o secretário a Netanyahu, acrescentando que a postura israelense poderá resultar “unicamente” na “permanência do Hamas no poder” ou o que se referiu como uma “anarquia em Gaza”.
Invasão a Rafah ‘não é o caminho’
Antes de deixar Israel, no Aeroporto Ben Gurion, Blinken declarou aos jornalistas presentes no local que “a invasão terrestre e massiva de Rafah não é a maneira de vencer o Hamas” e reconheceu que “ainda há algumas lacunas a preencher nas negociações do acordo de reféns que ocorrem no Catar”, de acordo com o jornal israelense Hareetz.
Os Estados Unidos compartilham do objetivo de Israel em derrotar o Hamas, segundo o posicionamento dado pelo chefe da diplomacia norte-americano, mas ao mesmo tempo, entendem que uma operação no sul de Gaza “corre o risco de matar mais civis” e de “causar maiores estragos com a prestação de assistência humanitária”.
O secretário ainda disse que Washington apresentará “uma maneira diferente” para Tel Aviv “atingir seus objetivos” quando uma delegação israelense chegar aos Estados Unidos, na próxima semana.
“Isso realmente requer um plano humanitário, militar e político integrado”, afirmou Blinken.