8 de janeiro é produto da Lava Jato e denúncia de golpe está “prontinha”, dizem juristas

8 de janeiro é produto da Lava Jato e denúncia de golpe está “prontinha”, dizem juristas

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“Está prontinha a denúncia. Nenhum promotor sonha com algo mais fácil: uma testemunha comandante do Exército diz que ele quis dar o golpe. O que mais precisa?”

Jair Bolsonaro é filho direto da Lava Jato e o produto final da Operação foi o 8 de janeiro com a tentativa de golpe, afirmaram os juristas Lênio Streck e Antonio Carlos de Almeida, o Kakay, no especial de 10 anos da Operação Lava Jato.

À época advogados de alguns dos réus da Operação e, ao longo de todos estes anos, denunciando as ilegalidades do então juiz e dos procuradores, os especialistas fizeram um balanço de uma década de Lava Jato:

“Infelizmente, o Brasil não aprendeu nada”, disse Kakay. “Acabaram com a credibilidade do Poder Judiciário, veja bem, mesmo depois que o Supremo Tribunal condenou, de certa forma, esses indigentes intelectuais da República da Lava Jato, por corromper o sistema de Justiça, ainda não teve realmente algo efetivo”, apontou.

“Veja bem, houve a cassação da Selma [Selma Arruda, houve a cassação do Delta, vai haver a cassação do Moro, mas é muito pouco frente ao que fizeram. É muito pouco frente ao estrago econômico, o estrago estrutural, e eu digo até institucional. As pessoas passaram a ter muitas dúvidas quanto ao poder Judiciário.”

O advogado expõe como uma das heranças da Operação a própria possibilidade de Jair Bolsonaro se alçar ao Poder em 2018:

“Nós ainda estamos no meio de uma turbulência, quer dizer, quero fazer uma reflexão aqui: o Bolsonaro é filho direto da Lava Jato. O Bolsonaro é fruto, claro que tem vários outros fatores, mas ele é fruto exatamente daquilo.”

Kakay narra que desde que começou a advogar para Alberto Youssef, em 2014, mesmo ainda sem poder projetar a dimensão do que viria, ele entendeu que a Lava Jato “era um grupo que tinha um projeto de Poder, que em um certo momento venceu porque eles prenderam o Lula, o único capaz, na época, de ganhar o Bolsonaro [nas eleições de 2018]”.

O advogado descreve como um caso de corrupção clássico: “o juiz, no ato de ofício, prende o principal opositor, elege o Bolsonaro e aceita ser ministro da Justiça”.

Lênio Streck vai além e ressalta não só Bolsonaro presidente, mas também a tentativa de golpe no fim de seu governo e início do governo Lula como “o produto final” da Operação:

“O ‘viuvismo lavajatista’ ainda está muito forte. Porque a Lava Jato é uma ideia. Uma ideia não morre, é uma espécie de ideologia. E o produto final da Lava Jato foi o 8 de janeiro. Não existiria Bolsonaro, não existiria essa extrema direita que existe hoje se é não tivesse sido amaldiçoada a política, se não tivesse havido o ultrapassamento da fronteira da política para a antipolítica que se transforma numa nova política, que é o outsider.”

*GGN

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