Para ministro da Defesa, avanço das investigações deixa claro que ações foram individuais.
Os depoimentos dos ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, nos quais confirmam o envolvimento de militares em supostas tramas golpistas no governo de Jair Bolsonaro, foram recebidos com alívio, mas também com certo constrangimento pela atual cúpula das Forças Armadas.
De um lado, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirma que as investigações avançam para deixar claro que as ações partiram de indivíduos, e não da instituição.
— Cada vez mais fica comprovada minha tese de que as Forças não tinham nada a ver com isso. Eram algumas pessoas das Forças Armadas que tinham interesse nisso — disse Múcio ao Globo.
Integrantes do governo e da cúpula das Forças Armadas avaliam que os detalhes dos depoimentos do general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, e do tenente-brigadeiro do ar Carlos Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica, podem representar o “começo de um fim da agonia” das investigações. O entendimento é que o conteúdo ajuda a afastar o clima de suspeição sobre as instituições, segundo Lauro Jardim.
O ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes afirmou à Polícia Federal que se opôs “de forma contundente” à proposta sobre uma ruptura antidemocrática. Para os militares, as declarações soam como uma consolação após passarem mais de um ano sendo apontados como “golpistas” por terem participado ou se omitido dos atos.
Também à PF, o então comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, afirmou que Freire Gomes “tentava convencer o então presidente a não utilizar os referidos institutos”, em referência a minutas que previam GLO, estado de sítio ou de defesa no país.