Nesta temporada, 95.705 pessoas foram contagiadas, um número suficiente para bater o recorde para o atual período do ano. Comparado com o mesmo período do ano passado, o número de casos aumentou 1.820%.
No entanto, devido aos tempos de processamento dos dados em todo o país, essa quantidade refere-se há duas semanas atrás. Como os contágios aumentam em mais de 15 mil novos contágios por semana, a Argentina já estaria com mais de 130 mil casos de dengue, número registrado em toda a temporada passada, a pior da história do país.
Na província de Buenos Aires, onde vivem cerca de 40% da população, o aumento é de 35.000%. Passou de 40 a quase 13.924 infectados.
Nestes dois primeiros meses do ano, foram 58 mortes. O mais provável é que março termine com mais de 65 mortes, o número registrado em 2023.
Epidemia contínua
O verão pode chegar ao fim, mas o pior continua por vir. Até a semana passada, a previsão era que a crista da onda de contágios acontecesse ao longo das próximas semanas, até meados de abril. Porém, a curva de contágios deve ser ainda maior depois desta semana.
Nos últimos três dias, choveu o dobro do que se esperava para todo o mês de março, um mês chuvoso. Espera-se para a próxima semana uma proliferação de Aedes aegypti, o mosquito da dengue.
Em entrevista com a RFI, um dos maiores especialistas da América Latina, Dr. Roberto Debbag, vice-presidente da Sociedade Latino-Americana de Vacinologia, explicou como as mudanças climáticas alteraram o ciclo de contágios.
Historicamente, a temperatura cai muito na Argentina a partir de abril e maio. Desde 2023, com o aumento da temperatura global, os invernos têm sido pouco rigorosos e a epidemia tornou-se contínua, sem interrupção no inverno.