Bolsonaro, ex-ministros e militares depõem simultaneamente na PF

Bolsonaro, ex-ministros e militares depõem simultaneamente na PF

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O ex-presidente Jair Bolsonaro e outros dez suspeitos serão interrogados, nesta quinta (22), pela Polícia Federal (PF), no âmbito das investigações que apuram uma tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Na véspera dos depoimentos, o Exército iniciou a preparação de um local para receber possíveis alvos de ordens de prisão.

A informação é do colunista da Veja, Robson Bonin, que afirma que os militares justificam a iniciativa uma vez que “gato escaldado tem medo de água fria”.

Segundo o jornalista, a preocupação é especialmente com os generais que são alvos de investigação da PF. A avaliação na Força é que militares dessa patente requerem uma estrutura melhor de acomodação.

O ex-presidente e outros quatro ministros da sua gestão (três deles são generais), além de assessores militares pertencentes ao núcleo duro da associação criminosa que articulou o golpe vão participar das 11 oitivas simultâneas.

As investigações apontam que Bolsonaro recebeu e fez edições na minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Em um primeiro momento, o documento previa a prisão de Moraes e do também ministro do STF Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O então chefe do Executivo recebeu a minuta de Filipe Martins, ex-assessor internacional da Presidência, e do advogado Amauri Saad, apontado como o responsável por escrever o texto. Ambos estão presos preventivamente.

Investigadores da Polícia Federal avaliam que o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, deve fornecer elementos importantes para o curso das diligências sobre a tentativa de golpe de Estado que culminou nos atentados de 8 de janeiro do ano passado, em Brasília. Torres tem dito a pessoas próximas que vai colaborar com as autoridades e responder a todas as perguntas que forem feitas a ele.

Os 11 depoimentos foram marcados para às 14h30, todos ao mesmo tempo, com o objetivo de impedir a combinação de versões conforme o andamento das oitivas. A estratégia dos agendamentos simultâneos foi utilizada nas investigações do caso das joias.

Obrigado a comparecer, Bolsonaro deve adotar o silêncio durante o período previsto para o depoimento, bem como seus aliados, conforme aviso prévio de suas defesas. A maioria deles foi alvo de mandados de busca e apreensão e de prisão na Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal.

Quem vai depor:

• Jair Bolsonaro: ex-presidente do Brasil, líder da organização criminosa e principal beneficiário dos atos golpistas;

• General Augusto Heleno: ex-chefedo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e um dos líderes das tentativas golpistas;

• General Walter Souza Braga Netto: ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e vice de Bolsonaro em 2022.

• General Paulo Sérgio Nogueira: ex-ministro da Defesa

• Almirante Almir Garnier: ex-comandante-geral da Marinha;

• Anderson Torres: ex-ministro da Justiça e o homem da minuta do golpe;

• Valdemar Costa Neto: presidente do PL, partido de Bolsonaro;

• Marcelo Costa Câmara: ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;

• Mário Fernandes: ex-secretário-executivo na Secretaria-Geral da Presidência;

• Tércio Arnaud; ex-assessor especial da Presidência; e

• Cleverson Ney Magalhães: tenente-coronel e subcomandante do Centro de Instruções de Guerra na Selva (Cigs)

Como informou a coluna “Radar”, da revista “Veja”, o local que abrigaria os generais presos seria um alojamento localizado no Comando Militar do Planalto, dentro do Quartel-General da Força, em Brasília. A coluna apurou que antes dos depoimentos do generais serem marcados, o Exército já havia previsto melhorias para essa área.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta quarta (21), que só deve falar em depoimento à PF nesta quinta (22) caso sua defesa tenha acesso ao processo. A declaração foi feita em entrevista à Rádio CBN Recife.

“Eu sigo as orientações dos advogados. Se eles tiverem acesso [ao processo] até amanhã, obviamente que eu vou falar”, disse Bolsonaro. A defesa do ex-presidente entrou com um terceiro recurso para acessar dados da investigação sobre golpe. Os advogados querem acessar a íntegra do acordo de colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e os dados de celulares e computadores apreendidos na operação

O ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no STF, no entanto, negou, pela terceira vez, o pedido realizado pela defesa do ex-presidente. A decisão foi reiterada ainda nesta quarta-feira.

Segundo o ministro, no entanto, o ex-presidente já teve acesso integral às diligências e às provas juntadas aos autos. O ministro também afirmou que o respeito aos direitos e às garantias do cidadão não deve ser interpretado para limitar indevidamente o dever estatal de exercer a persecução criminal.

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