Bolsonaro aposta suas fichas em Nunes Marques para ter inelegibilidade revogada e concorrer às eleições de 2026

Bolsonaro aposta suas fichas em Nunes Marques para ter inelegibilidade revogada e concorrer às eleições de 2026

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Ele repetiu bordão que ‘a direita acordou’ e que poderá eleger 140 deputados e até vinte senadores, mas seu plano pode esbarrar na possibilidade de prisão.

Aliados de Jair Bolsonaro mantêm a esperança de que ele consiga reverter sua inelegibilidade na Justiça e consiga concorrer à Presidência da República ainda em 2026. A estratégia consiste na posta em uma possível decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Nunes Marques. A expectativa existe desde o julgamento da ação que questionava a inelegibilidade de Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral, em junho do ano passado, segundo nota publicada na coluna Radar da revista Veja neste domingo.

Investigado pela tentativa de promover um golpe de estado no Brasil, Bolsonaro afirmou à revista Veja que está sendo perseguido e que o objetivo é retirá-lo de combate. Nesta entrevista, pela primeira vez, ele afirmou que seu objetivo é recuperar seus direitos políticos para disputar as eleições de 2026, sinalizando que não tem a intenção de transferir seu capital político. “Pretendo ser candidato”, disse ele.

Bolsonaro também disse que “a direita acordou” e que poderá eleger 140 deputados e até vinte senadores. Entretanto, seu plano pode esbarrar na própria possibilidade de prisão. Saiba mais sobre o caso:

O então presidente Jair Bolsonaro cobrou, em reunião ministerial em julho de 2022, que seus auxiliares diretos agissem antes das eleições de outubro, propôs a elaboração de uma nota conjunta com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em uma tentativa para angariar credibilidade a questionamentos infundados sobre fraude nas urnas eletrônicas e chegou a dizer que, se não desse certo, ele iria descer a rampa do Palácio do Planalto “preso por atos antidemocráticos”.

Em uma alegação de que haveria uma espécie de complô, Bolsonaro ainda atacou duramente uma suposta orquestração da cúpula do Judiciário para eleger o adversário Luiz Inácio Lula da Silva.

É o que consta da íntegra de um vídeo de uma hora e 30 minutos de uma reunião ministerial no Palácio do Planalto do dia 5 de julho recheada de discussões de planos, ideias e ordens relacionadas à eleição presidencial daquele ano e à preocupação em garantir que Bolsonaro continuasse no poder. O vídeo foi apreendido com o ex-ajudante de ordens do então presidente, Mauro Cid, e divulgado nesta sexta pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Bolsonaro aproveitou a reunião para cobrar de seus ministros que amplificassem a história de fraude nas urnas. Em vários momentos, ele – e auxiliares como o chefe do GSI, Augusto Heleno, os ministros da Defesa, Paulo Nogueira, da Justiça, Anderson Torres, e da CGU, Wagner Rosário – defenderam uma atuação mais enérgica, inclusive alguns deles apelando para um suposto pânico e até reação com uma eventual vitória de Lula, diz o 247.

“Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida de que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições”, disse Bolsonaro, sem apresentar qualquer elemento de prova das alegações.

O ex-presidente repetiu, durante todo o encontro, alegações de fraude nas urnas. Chegou a dizer, ironicamente, que as pesquisas de intenção de voto estavam certas ao dar a vitória a Lula. Não porque essa era a vontade da população, mas porque aqueles eram “números que estão dentro dos computadores do TSE” (Tribunal Superior Eleitoral).

O encontro foi uma das reuniões ministeriais convocadas com regularidade por Bolsonaro – normalmente sem relação com as eleições – e dela fizeram parte a maioria dos seus ministros, inclusive Paulo Guedes, da Economia, e Fábio Faria, das Comunicações. A reunião, no Palácio do Planalto, durou cerca de três horas, de acordo com a agenda de Bolsonaro no dia, mas apenas a metade foi gravada.

Os advogados de Bolsonaro Paulo Amador da Cunha Bueno, Daniel Bettamio Tesser e Fabio Wajngarten minimizaram o conteúdo do vídeo.

“O vídeo divulgado oficialmente hoje pela autoridade judiciária responsável pelo inquérito mostra a realização de uma reunião ministerial rotineira em que todos os presentes puderam manifestar publicamente sua opinião a respeito da conjuntura daquele momento… O encontro trata, fundamentalmente, da cobrança para com o time de ministros dele para que atuem de maneira organizada”, afirmam os advogados em comunicado à imprensa.

Segundo uma fonte da PF envolvida diretamente nas investigações, o vídeo é uma confissão de crime que implica ainda mais o ex-presidente.

Para essa fonte, Bolsonaro e demais integrantes do governo sabiam que não havia qualquer fraude nas urnas, mas, mesmo assim, insistiram no discurso para manter apoiadores em frente aos quartéis e justificar que as Forças Armadas agissem, de olho em uma ação futura para anular o pleito por meio de um golpe de Estado.

A fonte afirmou que a reunião mostra até um certo desespero de Bolsonaro e do seu entorno.

“As diversas provas se interconectam. Temos as minutas apreendidas e a colaboração do Cid e outros materiais apreendidos em computadores e telefones que comprovam bem essa forma de agir. Uso das redes sociais, por meio de influenciadores, para propagar mentiras e manipular parte da população”, destacou a fonte.

Na operação da PF na véspera, minutas foram apreendidas, como a que mostra que Bolsonaro recebeu de assessores um texto de decreto com instruções para que houvesse um golpe de Estado com determinação de novas eleições e que levasse à prisão ministros do STF.

A fonte da PF disse ainda que a equipe trabalha para tentar concluir essa investigação até junho.

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