Aliados de ex-presidente planejaram prender presidente do Congresso e dois ministros do STF, além de anular eleições vencidas por Lula.
O golpe discutido por Jair Bolsonaro faria coisas o que os militares não ousaram fazer em 1964.
De acordo com as investigações da Polícia Federal, o ex-presidente recebeu uma minuta de decreto que levaria à prisão de integrantes das cúpulas do Legislativo e do Judiciário.
Os alvos seriam o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco, e os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Segundo as provas colhidas pela PF, Bolsonaro pediu alterações na minuta de decreto para retirar os nomes de Gilmar e de Pacheco. Mas manteve o plano de prender Moraes, que passou a ser monitorado clandestinamente por seus assessores.
Os documentos da Operação Tempus Veritatis deixam claro que o plano golpista não se limitava a melar as eleições de 2022, vencidas pelo presidente Lula.
O ex-presidente Bolsonaro, que sempre defendeu a ditadura militar, queria implantar um estado de exceção para se perpetuar no poder.
Em 1964, a conspiração que derrubou o presidente João Goulart foi mais ampla. Além de ter apoio empresarial, envolveu as cúpulas do Judiciário e do Legislativo.
Na primeira fase da ditadura, os golpistas cassaram 41 deputados federais, entre eles Leonel Brizola, Rubens Paiva e Plínio de Arruda Sampaio.
O Supremo foi poupado até 1969, quando a ditadura usou o AI-5 para aposentar compulsoriamente os ministros Evandro Lins e Silva, Hermes Lima e Victor Nunes Leal.
*Bernardo Mello Franco/O Globo