A perseguição a José Dirceu pela Lava Jato foi tão intensa que um dos procuradores disse que o ex-ministro não sairia vivo da prisão.
“Dirceu vai morrer na cadeia”, afirmou Carlos Fernando dos Santos Lima em um chat do Telegram.
Era 16 de julho de 2016 e os procuradores falavam sobre uma notícia publicada na revista Carta Capital.
Deltan comenta, já antecipando seu projeto político. “Votem em mim”, disse.
O contexto é de brincadeira, mas revelador do que pensavam os agentes públicos sobre a própria notoriedade e sobre um de seus alvos, José Dirceu.
“Serei seu marketeiro”, responde Carlos Fernando.
Outros comentam sobre que naco do poder lhes seria destinado.
Athayde Ribeiro Costa diz que ficaria com Ministério do Turismo, mas a colega Jerusa Viecili retruca: a pasta seria dela.
Athayde comenta: “Jerusa vai comandar o Ministério do Esporte. Pode começar contando que Deus falou para você salvar o Brasil”.
Carlos Fernando se corrige. Não seria marqueteiro, mas o “Dirceu do novo Lula” (Deltan).
No chat, Carlos Fernando aprova a conjectura de Welter e, mesmo em tom de brincadeira, revela o que pensa a respeito do ataque a Dirceu.
“Gostei mais disso. Afinal, Golbery morreu em casa enquanto o Dirceu vai morrer na cadeia”, afirmou.
Em outras conversas já divulgadas, os procuradores Lava Jato expõem a intenção de prender José Dirceu para obter delação premiada que incriminasse Lula.
Quando Carlos Fernando afirmou que o ex-chefe da Casa Civil do governo Lula morreria na cadeia, já fazia quase um ano que José Dirceu havia sido preso por decisão de Moro.
Na época, seu advogado, Roberto Podval, havia dito a jornalistas: Zé [Dirceu] morre na cadeia, mas não faz delação”.
Com curtos períodos em casa, usando tornozeleira eletrônica, o ex-ministro permaneceria na cadeia até novembro de 2019, quando o Supremo Tribunal Federal restabeleceu o princípio constitucional da presunção de inocência e considerou válido o artigo do Código de Processo Penal que só admite a prisão depois de sentença transitada em julgado.
Pelo que se revela, José Dirceu foi alvo da parcialidade de Sergio Moro, na trama (que outro termo usar?) deste para prender Lula.
Muito antes de Bolsonaro, Moro e seus aliados no Ministério Público Federal já executavam um projeto autoritário de poder.
*Joaquim Carvalho/247