Ao lado de Alckmin, presidente participou de anúncio de investimentos na fábrica da montadora no ABC e disse que o país não irá desperdiçar as oportunidades do século 21.
São Paulo – Foi uma tarde de reminiscências na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Desde nova repetição da clássica imagem de Juscelino Kubitschek, desta vez com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu vice, Geraldo Alckmin, percorrendo de carro a linha de produção. Ambos já protagonizaram essa cena, em 2003, quando Lula estava em seu primeiro mandato e Alckmin era governador, em campos político-partidários opostos.
Foram muitas lembranças de assembleias, greves e tempos de relações do trabalho predominantemente conflituosas. Nesta sexta-feira (2), o presidente da Volks na América do Sul, Alexandre Seitz, não só disse que a empresa dá “sinais claros de confiança institucional” no Brasil, como atribuiu os anunciados R$ 16 bilhões de investimentos, até 2028, a um acordo trabalhista firmado no ano passado com os metalúrgicos.
País foi desmontado, não governado
Lula contou que aprendeu a dirigir em um Fusca, em 1970. E seu primeiro carro, adquirido em 1973, foi um TL. Para ele, o anúncio da Volks – e da indústria automobilística como um todo – mostra que o mundo readquiriu confiança no Brasil, que “voltou a ser levado a sério internacionalmente”. O país, segundo o presidente, não foi governado, mas “desmontado” na gestão anterior. “O Brasil estava em situação muito degradada”, afirmou, pouco depois de citar números positivos do mercado de trabalho, divulgados nesta semana pelo IBGE, com queda no desemprego e número de ocupados e massa de rendimentos recordes. Ele lembrou ainda que os investimentos anunciados pelas montadoras superam os R$ 40 bilhões.
Lula disse que o país já recuperou 80% das políticas públicas que haviam sido abandonadas. E, citando programas sobre a indústria, disse que o Brasil “não vai jogar fora as oportunidades do século 21”. Emocionou-se ao falar sobre suas origens e a importância da educação: “Vocês, meninos e meninas, precisam se qualificar para enfrentar esse mundo maluco da Inteligência Artificial”. E adiantou que estará na próxima terça-feira (6) no Rio de Janeiro, para anunciar institutos federais em áreas como o Complexo da Maré e a Cidade de Deus.
Aposta na negociação coletiva
Referências ao futebol também não faltaram. “A imagem do Brasil no exterior estava pior que a imagem do Corinthians na minha cabeça. (…) Eu nunca vi tanto interesse pelo Brasil como agora.” Antes, o corintiano Lula foi provocado pelo são-paulino Moisés Selerges, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, por causa da vitória tricolor nesta semana. Mas garantiu que o troco será dado em breve.
Para Moisés, o anúncio feito pela Volks é um exemplo para o país. E demonstração de que é preciso apostar na negociação coletiva. “É o caminho para o país dar certo.” Foi também, segundo ele, um recado para a própria região do ABC: “Temos mão de obra qualificada, temos malha rodoviária, ferrovia, temos porto, sindicato que sabe negociar”. E destacou a implementação de planos como o Mover, voltado ao segmento automobilístico, e a política industrial recentemente anunciada.
*RBA