CPI desidrata após vereadores denunciarem manobra para criminalizar padre Júlio

CPI desidrata após vereadores denunciarem manobra para criminalizar padre Júlio

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Ao menos quatro vereadores que assinaram o pedido de abertura de CPI para investigar o padre Júlio Lancelotti retiraram o apoio nesta quinta (4). Os parlamentares da Câmara dos Vereadores de São Paulo se disseram “enganados” pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), autor do pedido de abertura da investigação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi as redes sociais, também nesta quinta, para manifestar apoio ao padre Júlio.

Os vereadores Thammy Miranda (PL), Xexéu Tripoli (PSDB), Sidney Cruz (Solidariedade) e Sandra Tadeu (União Brasil) denunciaram uma manobra do vereador para criminalizar as ações sociais do padre Julio Lancelloti.

Segundo os parlamentares, o vereador direcionou a CPI politicamente para “atacar o padre” que é coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, “desvirtuando o foco da investigação que foi protocolada na Câmara”.

“Nós fomos enganados e apunhalados pelas costas. O documento de CPI que assinamos nunca citou o padre Júlio e usou de uma situação séria para angariar apoio. 90% dos vereadores que assinaram esse pedido não sabiam desse direcionamento político do vereador [Rubinho] nessa CPI. Eu e meus colegas estamos do mesmo lado do padre Júlio, de cuidar das pessoas. Lamento essa politização que o vereador fez do assunto e já pedi pra minha assessoria jurídica acionar a Casa e retirar meu apoio desse projeto”, afirmou o vereador Thammy Miranda (PL).

Na propositura original, que está disponível no site da Câmara municipal, é possível ver que o vereador proponente de fato não faz nenhuma referência ao padre Júlio no documento, ao contrário do que tem feito nas redes sociais.

O pedido de CPI foi protocolado em 6 de dezembro de 2023 pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), ex-integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) e ex-advogado do ex-deputado estadual Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, cassado pela Alesp em 2022 por quebra de decoro parlamentar.

No pedido, Rubinho diz que a comissão tem a “finalidade de investigar as Organizações Não Governamentais (ONGs) que fornecem alimentos, utensílios para uso de substâncias ilícitas e tratamento aos grupos de usuários que frequentam a região da Cracolândia”.

O presidente da Casa, vereador Milton Leite (União Brasil), chegou a afirmar que não via perseguição na criação da CPI. “Se há fatos, não importa quem seja investigado. A investigação é como outra qualquer”, diz Milton Leite.

Coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo da Arquidiocese de SP, o padre afirmou que a criação de uma CPI contra ele e as ONGs que atuam na região central da capital paulista é fruto do acirramento da polarização política em ano eleitoral e da influência da especulação imobiliária e empreiteiras na Câmara Municipal.

“Essa polarização numa cidade, a gente não pode perder o contexto que São Paulo é a vitrine do mercado imobiliário. É a vitrine de especulação imobiliária. E a especulação imobiliária tem um inimigo número 1, que são as pessoas em situação de rua. Uma população que aumentou exponencialmente em São Paulo”, argumenta Júlio Lancelotti.

Nas redes sociais, o padre Júlio afirmou que não pertence a nenhuma ONG e que a “atividade da Pastoral de Rua é uma ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo na Cracolândia”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou uma mensagem em rede social, nesta quinta (4), em apoio ao padre Julio Lancelloti.

“Graças a Deus a gente tem figuras como o Padre Julio Lancelloti, na capital de São Paulo, que há muitos e muitos anos dedica a sua vida para tentar dar um pouco de dignidade, respeito e cidadania às pessoas em situação de rua. Que dedica sua vida a seguir o exemplo de Jesus. Seu trabalho e da Diocese de São Paulo são essenciais para dar algum amparo a quem mais precisa”, escreveu Lula.

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