CNJ arquiva processo contra Appio, depois de juiz contar por que telefonou ao filho de aliado de Moro

CNJ arquiva processo contra Appio, depois de juiz contar por que telefonou ao filho de aliado de Moro

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Na audiência de conciliação, Appio confirmou o telefonema, mas não assumiu culpa: objetivo era apurar indício de corrupção de aliado do ex-juiz e atual senador.

O corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, arquivou o procedimento administrativo disciplinar (PAD) contra o juiz Eduardo Appio, aberto no Tribunal Regional Federal da 4a. Região (TRF-4) a partir de iniciativa de Sergio Moro.

Com a decisão do corregedor, Appio deixa de ter uma espada sobre sua cabeça e mantém a ficha de servidor público sem mácula.

Nesse sentido, é uma vitória, embora o juiz tenha sido obrigado a deixar a 13a. Vara Federal de Curitiba, que havia ocupado por seleção, e se transferido para a 18a. Vara Federal da capital paranaense, que trata de questões previdenciárias.

O arquivamento é o resultado da audiência de mediação realizada no CNJ em 18 de outubro do ano passado, depois que o ministro Dias Toffoli, do STF, suspendeu o PAD que tramitava no TRF-4, sem prejuízo da eventual avocação pela Corregedoria Nacional de Justiça.

Foi o que o ministro Salomão fez, e convocou o presidente do TRF-4, Fernando Quadros da Silva, e a corregedora regional da Justiça Federal da 4ª Região, Vânia Hack de Almeida, para uma audiência conciliatória com Appio.

O processo suspenso pelo TRF-4 tinha sido aberto após Sergio Moro entregar ao tribunal uma gravação feita pela filha. No vídeo, o namorado dela, Joao Malucelli, filho do desembargador Marcelo Malucelli, conversa pelo celular com um interlocutor com voz parecida com a de Appio.

A fita foi entregue alguns dias depois de um conhecido de Moro mandar recado a Appio no sentido de que ele deveria pegar leve nos casos da Lava Jato ou sofreria represálias.

A ameaça consta do depoimento que Appio prestou ao corregedor Salomão, na correição da 13a. Vara Federal.

Para firmar o acordo com o TRF-4, Appio reconheceu que praticou conduta imprópria em relação aos fatos descritos no processo administrativo.

A audiência foi gravada e, nela, embora faça esse reconhecimento, não admite culpa. E há uma razão para isso. O juiz admitiu que foi o autor do telefonema, mas, como qualquer pessoa pode verificar, não fez nenhuma ameaça.

Appio quis confirmar a informação de que João era mesmo filho do Marcelo Malucelli, o que colocava o desembargador numa situação flagrante de suspeição em relação aos casos envolvendo Sergio Moro.

Afinal, além de consogro do desembargador, Moro é sócio de João num escritório de advocacia e se beneficiou de decisões de Malucelli, sobretudo a que inviabilizou a vinda de Rodrigo Tacla Durán para prestar depoimento no Brasil.

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