Em entrevista ao renomado jornalista espanhol Ignacio Ramonet, presidente do país bolivariano criticou o argentino Javier Milei por se afastar do bloco e disse que ‘o Brics é o futuro da humanidade’
Ao destacar a importância do Brics para “o futuro da humanidade”, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou que tentará incorporar seu país como membro permanente do bloco durante a cúpula da Rússia, que será realizada em outubro deste ano.
As declarações foram dadas durante uma entrevista concedida ao jornalista espanhol Ignacio Ramonet, nesta segunda-feira (01/01), publicada pelo diário mexicano La Jornada, após o presidente ultradireitista da Argentina, Javier Milei, ter recusado o convite para aderir ao grupo.
O mandatário venezuelano indicou que seu país “aposta” no organismo “como parte desse novo mundo, do novo equilíbrio, do conceito geopolítico bolivariano de um mundo de equilíbrio, um mundo de iguais”. Além disso, enfatizou o papel da humanidade “para o desenvolvimento dos investimentos do Brics na Venezuela, de grandes mercados para os produtos venezuelanos e das relações diversificadas culturalmente, politicamente, institucionalmente, socialmente”.
Ao mencionar as cinco nações que fazem parte do bloco econômico — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — o presidente do país bolivariano afirmou que o grupo “já é uma potência econômica definitiva”.
Ele ainda reforçou seu “bom relacionamento” com os países-membros, chegando a mencionar um encontro que teve com Dilma Rousseff, atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), em setembro de 2023, em Xangai, e também ao citar que seu país já foi aceito como parceiro, em agosto, durante uma reunião na África do Sul, deixando claro que a Venezuela quer se integrar ao bloco.
“E espero que, na próxima cúpula russa […] a Venezuela se junte ao Brics+ como membro permanente”, declarou.
‘Milei age contra os argentinos’
Maduro também criticou a renúncia do presidente argentino, Javier Milei, à adesão do bloco.
“Ao retirar a Argentina do Brics você está agindo contra os argentinos, contra o trabalhador argentino, contra o empresário argentino”, declarou o venezuelano, ao classificar a decisão do novo chefe de Estado um retrocesso e “uma das coisas mais desajeitadas e imbecis”.
Maduro deu fortes declarações em relação ao que denominou de “projeto Milei”, afirmando ser “uma construção” para tirar a Argentina “do mundo multipolar” e “transformá-lo em um vassalo do mundo imperial unipolar”.
No primeiro dia de 2024, cinco novos países aderiram ao Brics: Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. O bloco também chamou a Argentina, mas o mandatário ultradireitista recusou o convite uma vez que pretende fortalecer as relações de Buenos Aires com os países do Ocidente, pelo que especialistas avaliam como um “olhar geopoliticamente elitista”.
Javier Milei também declarou, por meio de uma carta enviada aos dirigentes do bloco, que a incorporação no Brics “não é adequada” pois “a marca da política externa” do atual governo “difere em muitos casos do governo anterior”.
*Opera Mundi