O eleitorado norte-americano desaprova amplamente a maneira como o presidente Joe Biden está lidando com a guerra na Faixa de Gaza, segundo pesquisa realizada pelo New York Times em parceria com o Siena College e publicada (hoje). Entre os jovens, a insatisfação chega a três quartos dos entrevistados, levando alguns a se inclinar para o ex-presidente Donald Trump, que aparece como favorito em pesquisas de intenção de votos para 2024.
A pesquisa mostra que mais americanos votaram a favor de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas (44%) do que a favor da continuação da guerra (39%), à medida que o conflito entra em seu terceiro mês, com milhares de mortes de palestinos em Gaza e o governo Biden tentando pressionar Israel a reduzir sua campanha militar.
A pesquisa também perguntou aos eleitores sobre sua posição em relação à forma como o governo Biden lida com o conflito israelense-palestino, refletindo as crescentes críticas à política do presidente dos EUA no Oriente Médio. Em torno de 57% dos entrevistados demonstraram insatisfação com a abordagem de Biden, e 33% a apoiaram, segundo O Globo.
A proporção aumenta entre os eleitores de 18 a 29 anos, tradicionalmente um grupo demográfico fortemente democrata. Quase três quartos deles desaprovam a maneira como Biden está lidando com o conflito em Gaza. E entre os eleitores registrados, eles dizem que votariam em Trump por 49% a 43%; em julho, esses jovens eleitores apoiaram Biden por 10 pontos percentuais de vantagem.
— Não quero votar em alguém que não esteja alinhado com meus valores pessoais, como Biden demonstrou não estar quando se trata de Gaza — disse ao New York Times Colin Lohner, 27 anos, engenheiro de software em São Francisco. — Eu voto em Biden ou não voto em ninguém? Isso é realmente difícil, porque se eu não votar em Biden, abro a possibilidade de que Trump ganhe, e eu realmente não quero isso.
Os eleitores mais velhos foram muito mais simpáticos aos esforços de Biden. Entre os com 65 anos ou mais, 52% aprovam as ações do presidente democrata em relação a Israel, 12 pontos percentuais a mais do que aqueles que desaprovam. E os americanos mais velhos votam de forma confiável.
— O que os militantes de sofá esperam nessa situação? — perguntou Christine Johnson, 69 anos, consultora de informática aposentada de Oak Park, Illinois, que planeja votar em Biden. — O que eles fariam? Meu sentimento é de aprovação. Acho que ele está fazendo o melhor que pode ser feito.
Não está claro o quanto as críticas a Biden se traduzirão em votos para Trump, ou qualquer outra pessoa, dado o descontentamento admitido dos eleitores jovens que simpatizam com os palestinos. Os eleitores com menos de 45 anos que dizem desaprovar as políticas do presidente em relação a Gaza também têm maior probabilidade de admitir que não votaram em 2020 do que os jovens eleitores que aprovam suas políticas. Esses jovens críticos estão preferindo Trump a Biden, por 16 pontos percentuais, mas podem não votar.
Os jovens eleitores que desaprovam as políticas de Biden para Israel e Gaza, mas ainda assim dizem que votarão nele, também são um pouco mais propensos a dizer que têm certeza de que votarão do que os jovens críticos que estão do lado do ex-presidente.
E muitos estão divididos. Evan Crochet, um produtor de vídeo de 30 anos de Cary, Carolina do Norte, que apoiou o senador Bernie Sanders, um independente de esquerda, nas primárias democratas de 2016, disse que via Biden e Trump como “dois lados da mesma moeda”.
— Não confio em Biden em relação a Israel; não confio em Trump em relação a Israel — declarou.