Depois da União Europeia, no Senado dos EUA não avança ajuda bilionária a Kiev. Otan e Pentágono admitem fracassos e saída diplomática.
“Eles estão literalmente obcecados com apenas uma coisa: defender seus interesses a qualquer custo. Se essa for a escolha deles, vamos ver o que acontece”, afirmou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em uma reunião do Clube de Discussão Valdai, no resort de Sochi, no Mar Negro, no último mês de outubro. A guerra ainda reservava esperanças de vitória aos ucranianos.
Em Sochi, porém, Putin falava do Ocidente. Em uma rápida pesquisa, é possível verificar dezenas de posicionamentos públicos de Putin, mesmo antes da escalada do conflito, onde ele antecipa algo vivenciado agora pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky: as potências europeias e os Estados Unidos (EUA) não têm compromisso com a Ucrânia, senão com seus interesses.
Zelensky não deu ouvidos, manteve-se atiçado contra a Rússia e seguiu se sentindo vigoroso com os incentivos dos amigos ocidentais, sobretudo após iniciada a guerra.
Hoje se mostra cansado e reclamando, a cada entrevista, da falta de ajuda das potências ocidentais que antes prometiam uma vitória gloriosa contra os russos. Internamente já se cogita negociar com o Kremlin, avaliando cenários do que pode ser cedido aos russos, e isso significa território, mesmo que Zelensky ainda insista que não seja o momento.
A guerra, para Putin, não é necessariamente contra a Ucrânia, mas contra os interesses militares e geopolíticos do Ocidente na região diretamente ligada à Rússia.
Em agosto, Putin declarou, durante reunião do Brics, que “alguns países promovem sua excepcionalidade hegemônica e suas políticas de colonialismo e neocolonialismo vigentes. Eu gostaria de apontar que a aspiração em preservar essa hegemonia no mundo provocou a profunda crise na Ucrânia, primeiramente pelo apoio do Ocidente a um golpe de Estado inconstitucional”.
O presidente russo fez referência às origens do atual conflito, referindo-se ao Euromaidan, entre 2013 e 2014, que derrubou o governo do ex-presidente Viktor Yanukovich, considerado pró-Rússia, abrindo caminho para o que desembocou no governo Zelensky e na postura de Kiev alinhada à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que desde a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1991, avança bases para as fronteiras da Rússia – contrariando os acordos internacionais.
*Renato Santana/GGM