Ministro quer que combate às fake news se assemelhe à rapidez da identificação de crimes de pornografia infantil e direitos autorais.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, participou do evento IA e desafios à democracia no Brasil nesta segunda-feira (4), ocasião em que aproveitou para dar um recado aos candidatos que almejam usar a inteligência artificial criar notícias falsas para vencer os próximos pleitos: quem o fizer deveria perder o mandato e, se eleito, ficar inelegível.
Isso porque o ministro admite que, ainda que a Justiça Eleitoral tenha celeridade e consiga derrubar fake news em 15 minutos, o algoritmo de entrega de notícias falsas pode fazer com que esta rápida exposição atinja um número expressivo de eleitores e condene adversários.
Ao longo do discurso, o ministro explicou o modus operandi usado, especialmente, pela extrema direita e regimes autoritários que almejam chegar ao poder. O esquema começa por divulgar notícias verdadeiras, a fim de atingir novos públicos e conquistar a confiança do público. Em seguida, as milícias digitais passam a difundir notícias verdadeiras e notícias falsas, a fim de confundir e manipular o eleitor.
O ministro lembrou que as redes sociais nasceram como um instrumento de promoção da democracia, especialmente quando usada na Primavera Árabe, a partir de 2010, quando civis de países do norte da África e Oriente Médio passaram a protestar contra a repressão praticada pelos respectivos governos, além da perda de direitos fundamentais, altos níveis de desemprego, corrupção e pobreza.
Cenário ainda mais perigoso
No entanto, com o uso da inteligência artificial, em que é possível manipular vídeos e áudios, as milícias digitais podem acabar com campanhas em poucos minutos e manipular, até mesmo, o resultado da disputa eleitoral.
Por isso, Alexandre de Moraes afirmou que a Corte já têm grupos de discussão para prever a regulamentação das redes sociais, caracterizando-as como veículos de mídia, já que o faturam a partir do compartilhamento e direcionamento de informações.
*GGN