Venezuelanos vão às urnas em referendo para reivindicar Essequibo, território em disputa com a Guiana

Venezuelanos vão às urnas em referendo para reivindicar Essequibo, território em disputa com a Guiana

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Tensão entre Caracas e Georgetown aumentou nos últimos dias, com participação de militares e acusações mútuas.

Mais de 20 milhões de venezuelanos são esperados em quase 15 mil centros de votação espalhados pelo país neste domingo (03/12) para a realização do referendo que pretende reivindicar a soberania da Venezuela sobre o território do Essequibo, que está em disputa com a Guiana.

A votação, convocada pelo governo do presidente Nicolás Maduro, servirá para perguntar aos venezuelanos se estão de acordo com as decisões de Caracas sobre como lidar com a contenda territorial. Serão apresentadas cinco perguntas às quais os eleitores poderão responder ‘sim’ ou ‘não’.

Com 160 mil km² e cerca de 120 mil habitantes, o território do Essequibo está localizado na fronteira entre a Venezuela e a Guiana e é objeto de disputa desde o século 19. No entanto, os atritos entre Caracas e Georgetown pelo controle da região se acentuaram após a descoberta de grandes poços marítimos de petróleo da costa essequiba.

O governo guianês entregou concessões à empresa norte-americana Exxon Mobil para explorar as reservas, o que levou a um crescimento vertiginoso do PIB da Guiana e à descoberta de novos poços pela companhia dos Estados Unidos. Segundo as projeções da empresa, há 11 bilhões de barris de petróleo sob as águas do Essequibo e a Guiana deve ultrapassar a produção de 1 milhão de barris por dia até 2027.

As operações desagradaram a Venezuela, que alega que as perfurações não poderiam ser realizadas de maneira unilateral pela Guiana em um mar que ainda não está delimitado por se tratar de águas que banham um território em disputa. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, chegou a acusar o governo guianês de trabalhar pelos interesses estadunidenses e da Exxon Mobil.

As tensões entre os países escalaram ainda mais após Caracas anunciar a realização do referendo deste domingo. O engajamento das Forças Armadas venezuelanas na campanha eleitoral pelo “sim” e os exercícios militares realizados pelo exército guianês em parceria com tropas estadunidenses na fronteira elevaram a temperatura e levantaram a possibilidade de confrontações bélicas na região.

Além disso, a legitimidade do referendo é rechaçada pela Guiana, que recorreu à Corte Internacional de Justiça (CIJ) – tribunal da ONU localizado em Haia – para tentar barrar a votação, dizendo se tratar de “uma ameaça existencial” por supostamente ter intenção de anexar o Essequibo, a depender do resultado obtido.

Quais são as perguntas do referendo sobre o Essequibo?
As preocupações do governo guianês dizem respeito, especificamente, à quinta pergunta presente no referendo, que prevê “a criação do estado Guiana Essequiba e que se desenvolva um plano acelerado para a atenção integral à população atual e futura deste território que inclua entre outros o outorgamento de cidadania e cédula de identidade venezuelana, conforme o Acordo de Genebra e o Direito Internacional, incorporando em consequência dito estado ao mapa do território venezuelano”.

*Brasil de Fato

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