A análise dos impactos do nome de Flávio Dino no Supremo Tribunal Federal e como ficará o Ministério da Justiça.
O noticiário amanheceu com a decisão de Lula de indicar Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal (STF). A cadeira de Rosa Weber, se entregue ao ministro da Justiça, tornará a composição do tribunal majoritariamente masculina. O governo perde por esse lado, mas ganha com articulação na Corte, segundo Luis Felipe Miguel.
Juntamente com a notícia da provável indicação, a falta de diversidade de gênero foi uma das principais manchetes já estampadas pelo noticiário. A avaliação do cientista político compartilhada com o GGN é que o presidente “compra um desgaste ao nomear um homem para a vaga de Rosa Weber”.
Por outro lado, Lula acerta ao escolher um político, em vez de um jurista: “infelizmente, esta é a realidade do STF agora”, comentou. O especialista alerta para a necessidade de se equilibrar, na Corte Suprema, forças políticas que tenham “mais desenvoltura e articulação” do que Cristiano Zanin, o primeiro nomeado do presidente.
Experiência de Dino
Apesar da experiência e título de advogado, Dino vem sendo peça política forte do governo. Graduou-se em direito, é mestre em direito constitucional e ocupou a magistratura no final dos ano 90 e início de 2000. Mas foi na política a sua trajetória profissional desde então.
De deputado federal ao governo do Maranhão por dois mandatos seguidos, o político de embate direto e argumentos jurídicos facilmente compreendidos por toda a população ganhou destaque no Ministério da Justiça, mas ao mesmo tempo elevou as tensões midiáticas da pasta, e foi fortemente criticado pela oposição.
O fator político-midiático
Para o cientista político, esse perfil é mais bem-vindo na Suprema Corte atualmente do que no Ministério da Justiça.
“Dino tem mais desenvoltura e capacidade de articulação do que Zanin e pode estabelecer espaço próprio, tensionando o eixo de força hoje formado por Gilmar e Moraes (e que Lula reforça com a infeliz nomeação de Gonet [Paulo Gonet Branco, procurador da ala conservadora] para a PGR).”
Sobre o que esperar de Flávio Dino no STF, “resta saber se vai ter a coragem de defender não apenas o governo, que é circunstancial, mas os direitos da classe trabalhadora e a economia nacional, as duas agendas mais desprotegidas juridicamente no Brasil de hoje”, entendeu.
*GGN