Conheça as histórias dos presos palestinos que foram libertados pelo acordo entre Israel e Hamas

Conheça as histórias dos presos palestinos que foram libertados pelo acordo entre Israel e Hamas

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Em troca dos 25 reféns libertados pelo Hamas nesta sexta-feira, 39 prisioneiros palestinos foram soltos pelas autoridades israelenses; grupo é composto por mulheres e menores de idade.

Momentos depois da confirmação de que 13 reféns israelenses e 12 tailandeses haviam cruzado a fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito nesta sexta-feira, Israel e autoridades palestinas confirmaram a libertação de 39 palestinos que estavam em prisões israelenses. A troca é o ponto central do acordo firmado na terça-feira, com mediação do Catar, que também garantiu um cessar-fogo de quatro dias no enclave palestino — o primeiro desde o início da guerra, segundo O Globo.

Centenas de pessoas saíram às ruas de várias cidades da Cisjordânia ocupada para celebrar a saída dos presos palestinos, grupo composto por 17 menores e 22 mulheres. Do lado de fora do presídio de segurança máxima Ofer, para onde os presos foram levados antes de serem libertados, a multidão que que aguardava no local foi reprimida com bombas de gás lacrimogêneo por forças israelenses, reportou o canal de TV árabe al-Jazeera.

Conheça as histórias de alguns dos palestinos que foram libertados nesta sexta-feira.

Amani Khaled Noman al-Hashim
Mãe de dois filhos, Amani al-Hashim foi presa em 2016 após ter sido baleada quando atravessava o posto de controle israelense em Jerusalém em seu carro, tentando voltar para casa. Ela foi interrogada e enviada para a prisão de Damon, onde acabou sendo condenada a 10 anos de prisão e obrigada a pagar uma indenização para um soldado que supostamente teria atropelado na ocasião.

Amani al-Hashim é formada em ciência política e estudos diplomáticos, tem mestrado em gestão e planejamento pela Universidade al-Quds e é fluente em italiano. De dentro da prisão, ela escreveu e publicou o livro “Determination Breeds Hope” (Determinação gera esperança, em tradução livre), tornando-se a primeira prisioneira palestina a produzir uma obra literária no cárcere.

Marah Jawdat Musa Bakir
Outra prisioneira que será libertada nesta sexta é Marah Bakir, de Jerusalém. Ela foi detida por Israel aos 16 anos, acusada de tentar esfaquear um soldado israelense que disparou 14 tiros contra ela quando deixava sua escola, no bairro de Sheikh Jarrah. Um jovem que tentou socorrê-la também foi alvo de tiros, afirma a imprensa palestina.

Um dos tiros atingiu a sua mão esquerda, que teve 80% dos nervos destruídos. Apesar do grave ferimento, Marah foi impedida de entrar no centro cirúrgico sob acusação de terrorismo e foi enviada diretamente para a prisão. Sua família só foi autorizada a visitá-la três meses depois da sua detenção.

A palestina foi condenada a oito anos e meio de prisão e passou por quatro presídios diferentes antes de ser libertada nesta sexta. Ela concluiu o Ensino Médio de dentro da sua cela e tentou ingressar no ensino superior, mas foi impedida por Israel.

Walaa Khaled Fawzi Tanji
Walaa Tanji, 26 anos, foi detida por Israel há mais de um ano em sua casa no campo de refugiados de Balata, nos arredores de Nablus, na Cisjordânia ocupada, juntamente com duas outras mulheres. Militares israelenses acusaram as três de planejar um ataque a um posto de controle e disseram ter encontrado armas de fogo no carro que elas estavam usando.

Em entrevista ao New York Times, a irmã mais velha de Walaa, Nagham Tanji, afirmou que ela era inocente e ainda não havia sido acusada formalmente, tampouco condenada.

— Louvado seja Deus, que fez o acordo acontecer. A paciência é a chave para o alívio. Agora quero começar a organizar novamente a recepção dela — conta a irmã mais velha de Walaa sobre o momento em que recebeu a notícia.

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Desde quinta-feira, quando o acordo teve início, a família começou os preparativos para a chegada da jovem, que acabou postergada para esta sexta-feira. Transportes foram providenciados para parentes espalhados pela Cisjordânia. Cadeiras de plástico foram alugadas para acomodar todos que viriam recebê-la. Um amigo chegou a voar do Canadá para estar presente no momento da soltura.

— Estávamos muito felizes — disse Nagham Tanji. — Minhas irmãs e eu mal podíamos esperar para que o sol nascesse e para que esse dia chegasse.

No entanto, ela conta que, caso a saída de Walaa tivesse sido na quinta como previsto, a recepção não poderia ter acontecido. O campo de refugiados onde vivem foi alvo de uma incursão por tropas israelenses naquela manhã, resultando em confrontos violentos que mataram um palestino e feriram outros três, segundo a Wafa, agência de notícias da Autoridade Palestina. A casa da família estava entre as que foram invadidas e ficou parcialmente destruída.

— Não podemos pensar no acordo de libertação de prisioneiros agora por causa do horror que estamos vivendo desde o início da invasão — contou a irmã ao jornal americano.

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