A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, disse que a eleição geral do ano passado foi “grave e dificultosa”. Em seminário promovido pelo jornal Estadão nesta terça-feira, a magistrada rebateu críticas de um suposto ativismo judicial e afirmou que a Corte cumpre a Constituição.
— Acham que é fácil a minha vida, por acaso? Lembrar que vou ter uma eleição para presidir o ano que vem de novo, a eleição municipal. Porque a eleição geral foi grave o ano passado. Foi dificultosa, foram dias difíceis, mas não era assim antes e eu espero que não venha a ser de novo — afirmou a ministra.
Repetindo a fala do presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, no painel de segunda-feira, Cármen Lúcia rebateu as acusações de que o Supremo esteja agindo por ativismo. Segundo ela, a atuação do STF é coerente com o que a Constituição estabelece.
— Somos obrigados a agir e fazer com que a Constituição não seja uma letra escrita num livro que fica numa prateleira — afirmou a vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No evento, Cármen Lúcia também defendeu a importância da Justiça Eleitoral brasileira, segundo ela vista como um exemplo para muitos lugares do mundo.
— Temos uma vocação democrática que devia ser cada vez mais enfatizada, educada, para que a gente seja não apenas modelo de processo eleitoral, mas sim de modelo de democracia para o mundo — afirmou a ministra, que ainda ressaltou o fato de a maioria da população ter ido às urnas no ano passado, apesar dos questionamentos com o objetivo de “desvalorizar” o processo democrático.
Questionada sobre o fato de ser a única ministra mulher na Corte, Cármen Lúcia afirmou que espera que as mulheres tenham a igualdade de condições não apenas de se fazer representar, mas de se apresentarem para participar de tudo da vida, inclusive a vida política e os espaços de poder.
— E não espero diferente do Poder Judiciário —completou.