‘No próximo sábado acontecerá, em Washington, uma Marcha Nacional por Palestina Livre. Joe Biden deve sentir pressão’, escreve o colunista Pedro Paiva.
Na última quarta-feira (01), Joe Biden foi confrontado por uma manifestante durante um discurso em Northfield, no estado de Minnesota. O objetivo da viagem era anunciar novos fundos de apoio a agricultores.
Enquanto falava sobre o conflito na Palestina, Biden foi interrompido pela Rabina Jessica Rosenberg, que gritou: “senhor presidente, se você se preocupa com o povo judeu, como rabina, eu preciso que você ordene um cessar-fogo agora mesmo”.
O público, formado por apoiadores do ex-presidente, gritou para que a rabina se calasse enquanto cantavam palavras de ordem em apoio ao democrata que respondeu: “Eu acho que precisamos de uma pausa. Uma pausa significa dar tempo para tirar os prisioneiros”.
Dentro do espaço, os apoiadores silenciaram a rabina, mas do lado de fora centenas de manifestantes ecoavam a mesma exigência. Os manifestantes exigiam um cessar-fogo em Gaza e o não envio de US$ 14 bilhões para o Estado de Israel.
Esse é apenas o mais novo episódio que mostra o crescente descontentamento de uma parcela do eleitorado progressista com a posição da Casa Branca em relação ao conflito Israel-Palestina. Parcela esta fundamental para o presidente na reeleição do ano que vem.
Em 2016, Hillary Clinton venceu em Minnesota por menos de 45 mil votos (2,1%). Em 2020, Biden aumentou a margem para 233 mil votos (7,12%), mas a situação não é confortável. A prova disso é que o presidente está viajando para lá para fazer campanha.
Uma má notícia para o presidente é que Minnesota é o sétimo estado com maior população muçulmana per capita do país: aproximadamente 115 mil (2% da população total). Em uma eleição apertada como a de 2024 deve ser, essa margem pode ser decisiva.
Na manifestação em Minneapolis, a maior cidade do estado, líderes da comunidade muçulmana, que apoiaram Biden em 2020, afirmavam que não o apoiarão no ano que vem. “Não estamos apenas decepcionados, estamos indignados”, disse Jaylani Hussein, diretor executivo da seção de Minnesota do Conselho de Relações Americano-Islâmicas.
Uma situação semelhante acontece em Michigan. O estado é um dos mais disputados e, por lá, a comunidade muçulmana representa 2,4% da população, com mais de 240 mil pessoas. Biden venceu em Michigan por 2,78 pontos percentuais e Hillary perdeu em 2016 por 0,23 ponto percentual. Os líderes muçulmanos do estado também estão retirando o apoio ao democrata.
*Pedro Paiva/247