O governo brasileiro realiza consultas para convocar de forma emergencial o Conselho de Segurança da ONU diante da nova fase da guerra em Gaza. O Itamaraty recebeu um pedido do governo dos Emirados Árabes e avalia a possibilidade de que a reunião ocorra já neste domingo.
Em documentos internos, a ONU chama a situação de “inferno na Terra” e uma tentativa deliberada de Israel de impedir que ajuda humanitária chegue à vítimas.
A iniciativa diplomática ocorre um dia depois de a Assembleia Geral da ONU aprovou por ampla maioria uma resolução que pede uma trégua para a guerra. A votação ainda mostrou o isolamento dos EUA, a única potência a votar contra a proposta.
Para o novo encontro do Conselho, diplomatas apontam que dificilmente haverá tempo e um acordo para que uma nova resolução seja proposta. A ideia é de que a reunião sirva para que a ONU atualize os membros do órgão sobre a situação em Gaza, um dia depois de Israel iniciar o que chamou de nova fase de ataques. Governos ainda aproveitarão para denunciar a situação.
Numa declaração neste sábado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, comemorou a aprovação do documento pedindo a trégua na Assembleia Geral, o que foi considerado nos bastidores como um sinal de um amplo consenso internacional e um isolamento cada vez maior de EUA e Israel.
“Senti-me encorajado nos últimos dias pelo que parecia ser um consenso crescente na comunidade internacional, incluindo os países que apoiam Israel, quanto à necessidade de pelo menos uma pausa humanitária nos combates para facilitar a libertação dos reféns em Gaza, a evacuação de cidadãos de países terceiros e a necessária ampliação em massa da entrega de ajuda humanitária à população de Gaza”, disse Guterres.
Mas, segundo ele, a aprovação foi ignorada por Israel. “Lamentavelmente, em vez da pausa, fui surpreendido por uma escalada sem precedentes dos bombardeios e seus impactos devastadores, prejudicando os objetivos humanitários mencionados”, disse.
“Devido ao colapso nas comunicações, também estou extremamente preocupado com a equipe da ONU que está em Gaza para prestar assistência humanitária”, alertou.
“Essa situação precisa ser revertida. Reitero meu forte apelo por um cessar-fogo humanitário imediato, juntamente com a libertação incondicional dos reféns e a entrega de ajuda humanitária no nível que corresponda às necessidades dramáticas da população de Gaza, onde uma catástrofe humanitária está se desenrolando diante de nossos olhos”, disse.
Guterres insistiu no que vem dizendo nos últimos dias: “este é o momento da verdade. Todos devem assumir suas responsabilidades. A história nos julgará a todos”.
*Jamil Chade/Uol