Acionada pela PF, Abin conseguiu identificar cerca de metade dos monitoramentos feitos pelo sistema First Mile.
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) conseguiu identificar os nomes de cerca de metade dos 1,8 mil números de telefone cuja geolocalização foi monitorada por meio do programa First Mile. O trabalho foi feito pelo Departamento de Operações da agência a pedido da Polícia Federal (PF).
A relação entre PF e Abin se tensiona há meses. Um dos atritos entre as duas corporações na investigação veio após a agência dizer que seria preciso quebrar o sigilo das linhas telefônicas para descobrir os titulares dos números monitorados. Investigadores da PF suspeitam que a agência sabia quem eram as pessoas monitoradas pelo sistema e se recusava a informar, segundo Guilherme Amado, Metrópoles
Na Abin, agentes negam que essa lista exista e dizem que os monitoramentos eram feitos caso a caso, inserindo o número de telefone no sistema para obter os dados de geolocalização. Ou seja, não haveria, segundo esta versão, um registro completo de quem são os titulares das linhas.
A lista de nomes a que a agência conseguiu chegar após ser acionada pela PF inclui políticos, jornalistas, advogados e até professores universitários vistos como opositores de Jair Bolsonaro, como já mostrou a coluna. Houve um uso intenso do programa em áreas nobres do Rio de Janeiro e de Brasília e durante as eleições de 2020.
Segundo integrantes da agência ouvidos pela coluna, todas as informações disponíveis foram repassadas à PF. Já os policiais dizem que a agência se recusou a colaborar, não respondeu todos os ofícios enviados e, em alguns casos, só enviou respostas após ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).