A prisão de dois servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nesta sexta-feira (20) pela Polícia Federal, por ordem do ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é o resultado de uma investigação ainda em curso, mas apurações do Jornal GGN revelam, desde 2021, aquilo que agora a Operação Última Milha leva à Justiça.
Em uma série de reportagens, o GGN mostrou como a Abin, a partir de 2019, passou a ser utilizada pelo governo Jair Bolsonaro para espionar adversários políticos do presidente, efetuar grampos sem ordem judicial e ser a base de uma guerra cibernética eleitoral pretendida pelo grupo alocado no Palácio do Planalto para se perpetuar no poder.
O governo Bolsonaro adquiriu dezenas de sistemas para espionar qualquer cidadão ou cidadã do país sem autorização judicial, mas as investigações policiais sobre a conduta só deslancharam após a derrota do ex-presidente nas urnas.
As reportagens denunciaram ainda a criação da Secretaria de Operações Integradas (Seopi), subordinada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, então sob o comando de Sérgio Moro, que se converteu em um novo centro de inteligência com acesso a bases de dados estaduais para fustigar adversários.
O esforço de apuração revelou a polêmica aquisição de um programa israelense de cibersegurança, o CySource, pelo Comando de Defesa Cibernética do Exército (ComDCiber), ao revelar as tratativas da polêmica aquisição pelo chefe do órgão, o general Heber Portella – nomeado para a Comissão de Transparência das Eleições e que disseminou inverdades sobre as urnas eletrônicas.
A aquisição do CySource tomou o noticiário após reportagem de Paulo Motoryn, do Brasil de Fato, mostrar que a firma tem como um de seus executivos o analista de sistemas Hélio Cabral Sant’Ana, ex-diretor de Tecnologia da Informação da Secretaria Geral da Presidência de Jair Bolsonaro, e tanto ele, como o atual diretor global de vendas da israelense, Luiz Katzap, eram tenentes do Exército até pouco mais de 5 anos atrás.
*GGN