Com acordo na Venezuela, Lula recupera relevância perdida sob Bolsonaro

Com acordo na Venezuela, Lula recupera relevância perdida sob Bolsonaro

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O governo Lula teve um papel central nas negociações do acordo entre o governo e a oposição da Venezuela, que deve levar a eleições presidenciais com observadores independentes no segundo semestre de 2024. Isso foi possível porque o Brasil voltou a dialogar com o país vizinho, deixando de lado as pirraças, animosidades e infantilidades da gestão Jair Bolsonaro.

Sim, você tem maiores chances de convencer de forma pacífica aqueles com os quais têm canais de diálogo. Contudo, o ex-presidente preferiu estimular a tensão, chegando quase às vias de fato com o governo venezuelano.

Considerado histórico, o acordo já levou à suspensão de sanções impostas pelos Estados Unidos contra a Venezuela, permitindo a exportação de petróleo, gás e ouro – o que, claro, interessa aos dois países.

Nicolás Maduro, por sua vez, libertou até agora cinco conhecidos presos políticos. Há dezenas de outros ainda detidos e falta acertar detalhes sobre a participação deles nas eleições, mas o clima é de otimismo.

Durante o governo Bolsonaro, a chancelaria, primeiro nas mãos de Ernesto Araújo e, depois, de Carlos França operava no sentido contrário de um acordo para restaurar a democracia na Venezuela.

O Brasil rompeu vínculos, isolou e ameaçou o vizinho ao Norte, além de reconhecer o autoproclamado presidente Juan Guaidó como líder de fato. Houve até uma encenação bizarra com dois pequenos caminhões levando “ajuda humanitária” em fevereiro de 2019 para excitar os seguidores de Jair.

Isso gerou um custo porque o Brasil, potência regional, que seria um dos mediadores naturais, foi substituído por outras nações. Quando o governo Lula assumiu, já havia um processo avançado de negociações sediado no México e que contava com países como a Rússia, do lado venezuelano, e Holanda, junto com a oposição. Mas que precisava ser retomado.

Desde o início do ano, o Brasil refez as relações bilaterais, instalando embaixadores em Brasília e Caracas. Nicolás Maduro visitou o Brasil e o ex-chanceler, Celso Amorim, hoje assessor especial da Presidência da República, foi à Venezuela.

Outra ação que ajudou a retirar o vizinho do isolamento foi a reunião de líderes sul-americanos, convocada por LulaBolsonaro preferia participar de encontros apenas com governantes de direita. Por mais que o encontro, em maio deste ano, teve críticas abertas do presidente uruguaio Luis Lacalle Pou e do chileno Gabriel Boric a Maduro, a Venezuela voltou ao convívio regional.

*Sakamoto/Uol

 

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