Desde do 7, que o Hamas atacou Israel, que revelou uma inacreditável fragilidade da suposta super inteligência da Mossad de Israel, o cuidado dos entusiastas do sionismo no Brasil, ficou evidente.
Mas, desde ontem, o muxoxo se transformou em desânimo, mais que isso, num lamento murcho, típico dos derrotados com a crescente onda de manifestações internacionais, vindas de todos os lados, contra Israel.
Ou seja, a propaganda, que sempre foi a alma dos sionistas, mostra-se mais débil que a tida como intransponível inteligência dos dobermanns da Mossad.
Agora, até Guga Chacra, diante dessa percepção de que Israel foi derrotado, do ponto de vista político e militar, político pelo massacre que impõe sobre a população civil de Gaza, e militar pela total falta de resistência da defesa de Israel no momento do ataque do Hamas, como mostra seu artigo de hoje, no Globo:
Israel fracassou quatro vezes em Gaza. Por que agora seria diferente?
Israel já enfrentou o Hamas quatro vezes em confrontos na Faixa de Gaza nos últimos 14 anos. Milhares de civis palestinos morreram, assim como centenas de israelenses. Mas todas essas ofensivas somadas não foram suficientes para enfraquecer o Hamas no longo prazo, já que o grupo está mais forte do que nunca como vimos no atentado terrorista que matou 1.300 israelenses, além de pessoas de outras nacionalidades, incluindo brasileiros. Por que esta quinta guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza seria diferente? Por que não fracassará como nas outras quatro vezes? Essa é uma pergunta que tenho colocado a uma série de interlocutores, seja em entrevistas, seja em conversas informais.
Benjamin Netanyahu não era o primeiro-ministro na época da primeira guerra Israel-Hamas em 2009, mas assumiu um mês depois do cessar-fogo. Ao longo dos 14 anos seguintes, governou Israel por 13. Toda a estratégia para lidar com o Hamas e evitar ataques a partir de Gaza é dele. Como um fracassado diante do atentado terrorista do dia 7 de outubro, impopular e antidemocrático líder teria a capacidade de agora ter planos melhores do que no passado, quando tinha muito mais popularidade e legitimidade, para derrotar o Hamas?
Ninguém conseguiu me responder até agora. Na verdade, desta vez, a ofensiva será ainda mais difícil do que nas outras quatro e em especial as de 2009 e 2014, quando houve incursão terrestre, como deve ocorrer agora. Afinal, há cerca de 200 reféns nas mãos do Hamas. Quatorze anos atrás, havia um. Há nove anos, nenhum. Como entrar por terra sem colocar em risco a vida deles? Outro complicador para Israel será sempre ter de lutar contra o Hamas em meio a civis palestinos inocentes. O número de vítimas se multiplicará, incluindo o de crianças, levando a uma crescente pressão internacional para um cessar-fogo.
Não há tempo ilimitado como os EUA no Afeganistão — e os norte-americanos fracassaram de qualquer maneira ao verem o retorno do Talibã após 20 anos e trilhões de dólares de gastos. Mesmo que tivesse, isso não seria garantia de vitória. Em 1982, Israel ocupou o Sul do Líbano. Possuía aliados locais de uma forte milícia cristã libanesa. Após 18 anos, os israelenses, derrotados juntos com seus aliados cristãos libaneses, se retiraram. Mas os vencedores não foram os palestinos. Foi o grupo xiita libanês Hezbollah, que sequer existia no momento da entrada dos israelenses.
Ainda que Israel consiga derrotar militarmente o Hamas, não terá capacidade de eliminar a ideologia do grupo. Quais os planos para o “depois”, mesmo em caso de vitória? Manter a ocupação de Gaza? Controlar a vida de 2 milhões de palestinos? Enfim, quando Israel enfrentou o Hamas pela primeira vez em Gaza, metade da atual população do território tinha menos de 3 anos ou sequer havia nascido.