O assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, discutiu os recentes acontecimentos envolvendo ataques entre Israel e Faixa de Gaza em entrevista à Folha de S. Paulo. Amorim destaca a necessidade de condenação a ataques violentos, mas enfatiza a importância de não visualizar esses eventos como “fatos isolados”.
Refletindo sobre os constantes conflitos na região, Amorim lembrou que eles ocorreram depois de violências contra os palestinos. “Vem depois de anos e anos de tratamento discriminatório, de violências, não só na própria Faixa de Gaza, mas também na Cisjordânia.”
Ele relembra a ofensiva de Israel ocorrida em julho no campo de refugiados de Jenin. O ataque resultou na morte de ao menos oito palestinos e deixou 50 feridos, representando a maior incursão do país na Cisjordânia ocupada em quase duas décadas.
Reiterando que a violência dos ataques disparados por movimentos islâmicos não é justificável, Amorim afirma que o aumento dos assentamentos israelenses, considerados ilegais e inválidos pela ONU, dificulta o avanço de um processo de paz.
Os processos de paz foram deixados de lado pelos últimos governos israelenses, segundo Amorim, e com o aumento dos assentamentos e ataques a Gaza, isso levou a uma situação intensificada de violência.
E conclui: “O que acabou de acontecer é apenas uma demonstração, grave, com consequências, do que acontece pela perda da esperança na paz”.
Israel foi atingido por um ataque de foguetes sem precedentes vindo da Faixa de Gaza no sábado pela manhã. O exército israelense disse que o Hamas disparou mais de 3.000 foguetes, acrescentando que dezenas de tropas do Hamas infiltraram áreas de fronteira no sul de Israel. Desde então, o exército israelense enviou tropas para os territórios do sul para reconquistá-los das forças palestinas e começou a realizar ataques contra as posições do Hamas em Gaza. Até o momento, os ataques do Hamas causaram a morte de 700 pessoas, enquanto a retaliação de Israel matou mais de 400 pessoas.