Postura do presidente do Senado é criticada nos bastidores por avaliação de que insatisfação dele é com coordenação governo, e não com Supremo.
O recente endosso do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a ofensivas da oposição contra o Supremo Tribunal Federal é visto no tribunal como jogo de cena para agradar uma ala de senadores e como um erro estratégico, por atacar a corte quando o foco principal de insatisfação do mineiro estaria no governo.
Nas últimas semanas, Pacheco tem vocalizado o descontentamento de senadores, principalmente da oposição, com o que veem como tentativa do Supremo de legislar e usurpar uma prerrogativa do Congresso, diz Danielle Brant, Folha.
postura e declarações públicas do senador, como a defesa da fixação de mandatos a ministros da Suprema Corte, pegaram integrantes do STF de surpresa.
Alguns avaliam que as críticas do presidente do Senado seriam uma tática para começar a atrair eleitores de direita em uma eventual disputa ao governo de Minas em 2026. Há ainda a corrente que diz que a intenção é fortalecer o aliado Davi Alcolumbre (União-AP) para a eleição à presidência do Senado em 2025, em uma forma de escantear a oposição.
Ministros da corte, porém, têm uma terceira leitura: Pacheco estaria irritado com o tratamento assimétrico entre Câmara e Senado, em especial com o que vê como “privilégios” para deputados.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é visto como dono de um poder de barganha elevado, a ponto de articular nos bastidores a reforma ministerial que incluiu Republicanos e PP no governo Lula (PT).
Nesta semana, teria alimentado nos bastidores uma obstrução contra pautas do governo na Câmara para tentar pressionar por uma solução para a troca do comando da Caixa Econômica Federal.
Já o Senado estaria relegado a segundo plano, avaliam parlamentares. Nos bastidores, Pacheco se queixa da falta de atenção da coordenação política do governo com a Casa e cita a dificuldade de líderes da base de barrar discussões da oposição.
Outro fator que pesa é uma insatisfação generalizada do PSD, de Pacheco, com a falta de atenção do governo aos pleitos do partido. Um dos episódios mais recentes envolveu a Funasa (Fundação Nacional de Saúde), disputa com o Republicanos.