Novos diálogos da Vaza Jato revelam proximidade de Dallagnol com a Transparência Internacional

Novos diálogos da Vaza Jato revelam proximidade de Dallagnol com a Transparência Internacional

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Em troca de mensagens entre os procuradores da Operação Lava Jato, ocorridas em 2016, às quais o jornal GGN teve acesso de forma exclusiva, é possível saber a respeito da proximidade de Deltan Dallagnol, então coordenador da força-tarefa, com a Transparência Internacional.

Essa é mais uma parte, inédita, dos diálogos que constam da Operação Spoofing, da Polícia Federal, o banco de dados geral, do qual foi divulgado, até agora, apenas uma pequena parte, que resultou na Vaza Jato. As conversas revelam abusos cometidos pelos procuradores no decorrer da Lava Jato.

Nos diálogos travados pelo aplicativo Telegram, os procuradores buscam formas de custear passagens aéreas para um representante da Transparência, que seria Bruno Brandão ou Jorge Ugaz (presidente), conforme indicação direta de Dallagnol, se deslocar até um evento da campanha Dez Medidas contra a Corrupção.

21:48:50 Deltan Coloquei isso no grupo da coordenação. Acrescenta os nomes das igrejas ai. Podem confirmar os nomes e contatos para participarem da exposição das dez medidas na comissão geral as 9hs dia 22/6? 1. Deltan 2. Vladimir 3. Robinho 4. Modesto carvalhosa 5. Josegrei 6. Boshenek 7. Joaquim falcão 8. 9. 10. 11. 12. Presidente da confederação maçônica 13. Bruno transparencia int 14. Jorge Ugaz

Uma outra integrante do grupo traz a situação da ida da Transparência Internacional ao evento em 19 de junho de 2016.

14:55:17 Luciana Asper Valdir Alguém sabe se robalinho vai pagar a passagem da transparência internacional ?
16:07:37 Luciana Asper Valdir Transparencia internacional precisa de passagem

Em uma conversa do dia 19 de junho de 2016, se questiona: “mas a TI (Transparência Internacional) é tão rica”:

16:08:43 Thamea Mas a TI é tão rica
16:09:15 Thamea Vamos fazer uma vaquinha?

Surge então no grupo a possibilidade de que a 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (MPF) – órgão colegiado responsável por homologar acordos de leniência – pague as passagens, e caso isso não fosse possível, os próprios procuradores sugeriram uma “vaquinha” entre eles.

18:28:11 Thamea Ronaldo, a TI não poderia arcar com o custo da passagem de algum representante. Será que a 5ccr não poderia pagar? As passagens estão em torno de R$ 1.200,00
18:28:11 Thamea Vc não acha Q seria muito importante a presença de alguém da TI?
18:28:11 Thamea
18:28:11 Thamea
18:30:49 Thamea Caso a 5ccr não pudesse custear, o Q acham de fazermos uma vaquinha? Quem toparia?

Ronaldo é o procurador Ronaldo Queiroz, que estaria em um evento com o coordenador da 5ªCCR, Marcelo Moscogliato. É ele quem informa ao grupo a negativa de Moscogliato de arcar com o custeio das passagens.

9:14:35 Ronaldo Queiroz Marcelo não liberou pela 5CCR (situação lá está bem calamitosa).

Sobre a “vaquinha”, os primeiros a se escalarem foram Deltan Dallagnol e Luciana Asper Valdir:

Luciana Asper Valdir Eu e Deltan

Os nomes da Transparência foram sugeridos pelo próprio Dallagnol, no dia 13 de junho de 2016, ocasião em que mostra preocupação dos convidados serem de direita ou parecidos com pessoas de direita. Sugere convites ao Partido dos Trabalhadores (PT).

21:47:38 Deltan Disse a Marcos e Lu que precisamos degente do PT

Transparência e os acordos de leniência
Ocorre que nos diálogos a que o GGN teve acesso, a Transparência Internacional demonstrou interesse em receber recursos provenientes do acordo de leniência da empresa J&F, que deveria ser aplicado em projetos sociais. A intenção da Transparência era traçar a governança dos recursos milionários deste acordo.

No desenho da governança, a Transparência não poderia acessar os recursos oriundos da leniência durante um prazo de dois anos. Mesmo modelo pretendido por Dallagnol para a criação do Instituto Lava Jato, que receberia bilhões de dólares oriundos do acordo de leniência no caso Petrobras.

A Transparência Internacional chega ao Brasil em 2016 como uma instituição renomada, presente em mais de 100 países, sempre se colocando como a principal organização do mundo de combate à corrupção empresarial, e rapidamente a Operação Lava Jato se associa a ela.

*Renato Santana/GGN

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