O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de uma entrevista após o fim do primeiro dia da Cúpula do G20 em Nova Délhi. Entre críticas ao envolvimento dos Estados Unidos em conflitos mundiais e um pedido veemente pelo fim do bloqueio a Cuba, Lula abordou uma série de questões que colocam o Brasil como um ator proativo no cenário internacional.
Iniciativa para biocombustíveis e compromissos ambientais — Ao lançar a Aliança Global para Biocombustíveis ao lado do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e outros líderes globais, o presidente brasileiro deixou claro neste sábado (9) que a questão ambiental não pode ser ignorada. “Não é brincadeira, a questão do clima,” destacou Lula na entrevista. Esta nova coalizão representa uma aliança significativa entre os três principais produtores de biocombustíveis do mundo: Brasil, Estados Unidos e Índia, e inclui 19 países e 12 organizações internacionais focadas em promover o uso sustentável de biocombustíveis.
“Estou convencido de que sairemos da reunião com algumas diretrizes, para que possamos diminuir a desigualdade entre os povos e países e possamos confrontar a questão climática,” expressou Lula, sinalizando o papel crucial dos biocombustíveis na luta contra as mudanças climáticas.
Relações Brasil-Índia e a liderança de Modi — Em termos de relações bilaterais, Lula vê a Índia como um parceiro chave para o desenvolvimento mútuo. “Vamos aprender muito da liderança da Índia para que tenhamos ano que vem no Brasil uma reunião tão proveitosa quanto este ano,” destacou o presidente. No fim da Cúpula do G20 em Nova Délhi, o Brasil receberá do país anfitrião a presidência do grupo, que reúne 19 das maiores economias do mundo e a União Europeia, pela primeira vez.
Lula também elogiou o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi: “Modi transmite confiança de que lidera a Índia com responsabilidade pelo povo. Governar um país com o tamanho da Índia é muito mais complicado do que governar o Brasil.”
Guerra na Ucrânia — O presidente brasileiro também abordou a crise na Ucrânia, defendendo que o tema seja tratado em um fórum mais apropriado, como a Assembleia Geral da ONU: “Não é o fórum apropriado para discutir a guerra na Ucrânia, o G20. O lugar é a Assembleia Geral da ONU, para que chamemos Putin e Zelensky quando estiverem prontos para a mesa de negociações,” defendeu. Além disso, ele criticou o papel dos Estados Unidos no conflito: “Os EUA estão diretamente envolvidos na guerra. Outros países não estão e não querem discutir a guerra. Querem discutir a paz”.
O bloqueio a Cuba e as sanções internacionais — Um dos pontos mais fortes da entrevista foi a crítica veemente de Lula ao bloqueio econômico dos Estados Unidos a Cuba. “É inimaginável que Cuba tenha um bloqueio por 60 anos,” lamentou Lula, criticando as sanções estadunidenses à ilha caribenha. “A primeira oportunidade que tiver com Biden vou dizer a ele que é necessário parar de penalizar Cuba. Não é um país que tem terroristas,” reforçou o presidente.
China, nova guerra fria e reforma da ONU — No que concerne às tensões crescentes entre os Estados Unidos e a China, Lula foi claro: “Não vejo bem essa briga entre EUA e China. Não é uma coisa boa. É uma tentativa de criar uma nova guerra fria, que não foi boa para a humanidade,” declarou Lula. Ele também ressaltou a necessidade de reformar o Conselho de Segurança da ONU, argumentando que mais países, como Índia, Japão, Alemanha, México, Egito, Argentina, Nigéria e África do Sul, deveriam participar.
*Com 247